Perante este cenário, parece-nos óbvio encaramos, de uma vez por todas, as causas deste problema, em vez de persistir no castigo e na punição, quando o aluno mostra a sua justa revolta.
É importante, pois, que os professores analisem atentamente a situação e que não continuem a classificar os alunos e “bons” e “maus”, sem determinar com exactidão as causas de tais comportamentos e atitudes, utilizando instrumentos de regulação adequados e medidas também elas apropriadas à resolução do problema.
O método simultâneo, tradicional, ainda muito utilizado nas salas de aula deve, de uma vez por todas, desaparecer para dar lugar a metodologias ajustadas às verdadeiras necessidades nos nossos alunos de hoje! Pela sua clara e constatada evidência, não será necessário aqui abordar a importância da imagem, da cor, do som, do movimento no dia-a-dia das crianças e dos nossos jovens…
É neste contexto que surge a nossa necessidade de estudar um pouco mais os sistemas de representação da informação, isto é, a forma como codificamos mentalmente a informação num ou vários sistemas sensoriais, olfactivo, cinestésico, auditivo e visual.
E a pergunta é: no método tradicional de ensino, no qual o professor privilegia a exposição de conteúdos oralmente, que espaço é dado à combinação dos vários sentidos?
No nosso ponto de vista, para que o aluno possa pensar de maneira consciente, para que possa organizar a sua experiência e construa o seu conhecimento, as metodologias pedagógicas a adoptar devem percorrer, simultaneamente, todos os sistemas sensoriais, ou seja, ao aluno devem ser propostas actividades que lhe permitam abordar a informação, de acordo com várias perspectivas e múltiplos suportes ou meios.
No âmbito do projecto Interact, com o auxílio de várias componentes tecnológicas, onde se destacam os quadros interactivos ACTIVboard, os ACTIVote e a construção de “flipcharts”, os vários professores e os seus alunos, desde o ensino pré-escolar até ao secundário, exploram os diversos conteúdos das diferentes disciplinas, recorrendo à transmissão de informação pela sincronização da imagem, do texto e do som, sem descurar a componente cinestésica, na medida em que o aluno interage activamente com os objectos e o software. Assim, a sua acção na sala de aula é mais participativa e colaborativa! Juntando todas estas sinergias da comunicação, o aluno absorve a mensagem com o mínimo esforço físico e psicológico.
De acordo com testemunhos dos alunos, “as aulas, assim, são mais fixes!”; e afirmam: “compreendemos melhor a matéria”, “gostamos de estar nas aulas”, “porque parece o nosso telemóvel”, “não temos de estar sempre a ouvir o professor” e “podemos mexer nas imagens, ouvir, música, ver vídeos, desenhar, escrever, ler, todos juntos e assim é muito mais fácil”.
O crime que se comete com o método tradicional de ensino arrasta o castigo. Para que a indisciplina, o desinteresse, a desmotivação, a frustração, o fracasso e o insucesso diminuam ou desapareçam, é necessário que se olhe de frente para a mudança urgente de metodologias pedagógicas! Ao contrário do que muitos professores pensam, os alunos gostam de trabalhar e de se esforçar, gostam de aprender, gostam de procurar soluções para os problemas, adoram colaborar com os seus pares e os professores, se lhes forem proporcionadas as condições para tal, permitindo-lhe a conquista da autonomia. Estou certo que novos métodos e abordagens promovem o respeito e a admiração para com o professor, logo, o castigo deixa de existir!
Porém, ninguém nasce ensinado! É preciso mostrar aos professores que é possível fazer diferente; que existem inúmeras formas de orientar o alunos no seu processo de construção do conhecimento e que é possível obter resultados muito satisfatórios, socorrendo-nos correctamente destas ferramentas tecnológicas! É urgente proporcionar aos professores um tempo para pesquisa, para investigação e construção de materiais didácticos adaptados às necessidades dos seus alunos! Esta tarefa, necessária e imprescindível, deve ser tida em conta na organização dos horários dos docentes... Como podemos pedir aos alunos que pesquisem, recolham, seleccionem e tratem a informação, se ao próprio professor não lhe for reconhecido esse direito e tempo necessários?
É também fundamental dar melhores condições de trabalho aos alunos e aos professores dentro do espaço de sala de aula, em todas as escolas, para que, de uma vez por todas, “a culpa não morra solteira”! É necessário que a banda larga nas escolas esteja efectivamente funcional; que as redes internas seja readaptadas e estejam preparadas para altos débitos de comunicação; que haja bons e novos meios tecnológicos multimédia capazes de gerir a informação rápida e eficazmente; …