Quase dois anos passados a pensar, a reflectir, a analisar conteúdos produzidos pelos professores do Projecto “Interact – quadro interactivo nas salas de aula”, desde o pré-escolar ao ensino secundário, nas várias disciplinas, na plataforma moodle Interact Portugal, ocorre-me lançar algumas questões sobre as quais devemos debruçar-nos para investigação e acção futuras.
No âmbito deste projecto que promove a adopção de uma tecnologia inovadora no ambiente de sala de aula – o quadro interactivo –, acoplada a duas outras mais ou menos conhecidas e utilizadas pelos professores, com maior ou menor regularidade, tivemos em conta, desde logo, o conceito de “interactividade”. Embora, na nossa mente, estivesse obviamente a interacção associada à relação entre o professor e a máquina (quadro, videoprojector, computadores e interfaces gráficos), não descurámos a abrangência desta noção à relação entre as pessoas, neste caso, entre os próprios professores e entre estes e os seus alunos.
Neste sentido, temos várias vertentes de análise quanto a este conceito de interactividade e das suas múltiplas implicações:
- como construo os meus conteúdos, de modo a promover a interactividade dos alunos com o “objecto de aprendizagem”?
- que vantagens obtenho, se os conteúdos fomentarem a interactividade?
- a interactividade, privilegiando os estilos de aprendizagem cinestésico, visual e auditivo, promovem com mais eficácia as aprendizagens?
- que competências ou recursos preciso de adquirir ou desenvolver para alcançar um maior nível de confiança na promoção das interacções, seja para a construção de conteúdos seja para desenvolver um trabalho e relações mais colaborativas?
- tendo em conta que um maior ou menor grau de interacção requer ritmos e tempos diferentes, que mudanças podem ou devem ser realizadas nos currículos e nos programas das várias disciplinas e ciclos de ensino?
- que período de tempo necessito para me adaptar à tecnologia e às diferentes ferramentas de produtividade pessoal (ACTIVstudio, ACTIVprimary, entre outras…), baseado no conceito da curva de aprendizagem, de modo a tirar, com sucesso, o maior partido das mesmas?
- quando construo um “objecto de aprendizagem”, como ou com base em que critérios escolho os textos, as imagens, as animações, o áudio, o vídeo, a cor; o movimento, os gráficos, os tamanhos e tipos de letra, a disposição dos objectos na interface?
- Quando associo uma imagem a um texto ou vice-versa, que informação pretendo veicular e que resultados espero obter na construção do conhecimento dos alunos, sem incorrer no risco de aumentar a carga cognitiva?
- tenho eu a noção clara que, dos níveis de interacção alcançados entre mim e os meus alunos, entre eles próprios e entre nós e as tecnologias poderemos construir mais conhecimento, criar relações mais sólidas, desenvolver mais competências e, consequentemente, atingir um maior sucesso?
- as Comunidades de Prática (CdP) virtuais, como a rede INTERACTiC 2.0 – Escola com TiC Social, no qual, como conclui José L. Rodrigues (2007) “o conceito central de aprendizagem se enriqueceu e tornou mais ubíquo, num processo de transformação que mudará também a própria concepção de educação – como parece inevitável nesta sociedade digital em que nos encontramos”, poderão facilitar e proporcionar-me o conhecimento e as competências de que necessito, através da minha interacção, da minha cooperação com outros membros, criando afectos e relações de confiança e sentimento de pertença?
E é olhando para cada um dos mais de 1000 flipcharts já produzidos neste Projecto que me deixo levar por todas estas questões inerentes à utilização destas Tecnologias na sala de aula.
Em breve, com o apetrechamento de salas de aula de escolas portuguesas com quadros interactivos, no âmbito do Plano Tecnológico da Educação, teremos um “tsunami” de questões, de problemas, de situações com as quais os professores poderão ter de se confrontar e às quais procurarão responder…
E, nós, estaremos aqui para ajudar! Afinal, estamos aqui para interagir…
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Referência
Rodríguez, José L. (2007). Como as comunidades virtuais de prática e de aprendizagem podem transformar a nossa concepção de educação. Texto da conferência proferida na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, a 31 de Maio de 2007. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 3, pp. 117-124. Consultado em [Janeiro, 2008] em http://sisifo.fpce.ul.pt