segunda-feira, 3 de abril de 2006

O Q.I da Biologia

O relatos de experiências dos professores sucedem-se e fica-nos a impressão, mesmo para os mais cépticos, que algo muda na dinâmica da sala de aula, apenas com o auxílio desta tecnologia.
Parece-nos que o professor se sente muito mais empenhado, ainda mais focalizado no sucesso do aluno... Porquê? Simplesmente, porque a concentração do aluno se focaliza totalmente no assunto que está a ser tratado na aula. A participação e o envolvimento do aluno aumentam exponencialmente. Ora, face a este novo tipo de atitude do aluno dentro da sala de aula, o professor sente-se muito mais estimuldado, mais motivado para desenvolver cada vez mais e melhores conteúdos capazes de seduzir e de cativar a turma, favorecendo a aprendizagem natural...
Contudo, fica aqui um aviso: estes resultados, estas mudanças só acontecem com imenso trabalho por parte do professor! Os professores envolvidos no projecto Interact produzem imensos conteúdos e dedicam imenso tempo à construção de dos mesmos para manterem o nível de concentração e de interacção da turma... Não é fácil, mas também ninguém disse que os bons resultados caem do céu!
Leia com atenção o testemunho da Professora Maria João Ferreira, da Escola Secundária de Vale de Cambra.


::::::::::::::::Interactividade biogeológica::::::::::::::::

Após um início marcado pela inevitável “resistência à mudança” à mistura com a progressão na aprendizagem do manuseio do quadro interactivo (QI), nesta fase, o balanço é esmagadoramente positivo.

Num ambiente de ensino com recurso ao histórico quadro negro e a materiais já produzidos em meio informático mas transpostos para acetatos, contrastando com a crescente exposição e interacção dos alunos e professores ao mundo infinito da Internet e à sofisticação das ferramentas informáticas e de comunicação, a actividade lectiva tem dificuldade em cativar os alunos. Recorde-se a complexidade tecnológica e o conjunto de funcionalidades que caracterizam os telemóveis que todos os nossos alunos têm.

Suportar a actividade lectiva no QI é de facto um salto qualitativo assinalável.

Para além de uma tecnologia inovadora, traz real valor para professores e, sobretudo, alunos. A preparação dos conteúdos pode agora ser mais rica, podendo incorporar para além dos habituais textos, esquemas, figuras, fotografias e gráficos, animações, filmes e hiperligações Internet.

A utilização dos QI nas aulas, para além da flexibilidade na apresentação dos conteúdos preparados com antecedência, tem como principal vantagem a facilidade na manipulação dos próprios conteúdos. Assim, é possível que os alunos escrevam no próprio quadro legendas de figuras, desenhem gráficos, resolvam fichas de trabalho elaboradas em Microsoft Word. Sempre que necessário podemos rapidamente aceder à Internet para visualizar filmes ou realizar pesquisas rápidas.

A apreensão das matérias faz-se recorrendo muito mais à interactividade dos alunos com os conteúdos.

As aulas são agora uma actividade muito mais esquadrada na realidade dos alunos, com níveis de interesse e participação muito mais elevados, quando comparados com metodologias mais tradicionais.

A compreensão dos conceitos da Biologia e da Geologia, disciplinas que lecciono, é muito facilitada pela dinâmica que consigo dar aos esquemas e pela incorporação de filmes e animações do admirável mundo da World Wide Web a que instantaneamente tenho acesso.

No final de cada aula, para disponibilizar os materiais apresentados e trabalhados nas aulas, basta colocá-los no meu site na Internet. Sempre que necessário, os materiais são disponibilizados aos alunos com antecedência. A imaterialidade deste tipo de suporte acaba por constituir também uma vantagem, tornando a partilha de informação quase instantânea.

A escassez de salas equipadas, cada vez mais requisitadas, impossibilita a sua utilização em todas as aulas. Penoso para mim e para os alunos. Penso que estamos a desenvolver uma alergia ao giz e ao quadro negro.

As primeiras utilizações do QI foram, confesso, algo atribuladas. Os meus alunos, inicialmente cépticos, estão agora muito mais à vontade e com vontade de mostrarem o que são capazes de fazer. Passados três meses, as aulas, nas palavras dos alunos, deixaram de ser “aquela seca”, são mais interessantes, e “a memorização e compreensão da matéria é muito melhor”.

Espero, ansiosamente, pela possibilidade de construir animações. Até lá continuaremos, eu e os “miúdos” à descoberta!

Maria João Ferreira
Escola Secundária de Vale de Cambra
3 de Abril 2005

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