Uma longa viagem de mil milhas
inicia-se com o movimento de um pé
Lao-Tsé, China Antiga [-570--490] Sábio
Realizou-se, em Londres, de 8 a 10 de Outubro, o ITiE Symposium 07. Estiveram presentes vários investigadores de renome, tais como Sir Geoff Hampton, Bridget Somekh, Maureen Haldane, Gemma Moss, Vanessa Pittard, Tom Greaves, Doug Brown, entre outros, como o famoso "America's Educator" Ron Clark, tendo sido apresentados estudos e experiências recentes na área das tecnologias interactivas na educação, nomeadamente, os quadros interactivos.
O Centro de Formação de Entre Paiva e Caima colaborou nesta partilha através de uma comunicação realizada pelo Prof. José Paulo Santos, Coordenador do Projecto “Interact – quadro interactivo nas salas de aula”, intitulada “Interact Project – the flight of the geese” (O voo do ganso).
Esta comunicação foi apresentada em língua inglesa, no primeiro dia do evento, em duas sessões de 45 minutos cada, entre as 14.15 e as 15.45 horas.
Foi muito gratificante darmos a conhecer um projecto em curso em Portugal, no âmbito da utilização de soluções interactivas nas salas de aula de escolas do pré-escolar ao ensino secundário, nos concelhos de Castelo de Paiva, Arouca e Vale de Cambra.
Nesta iniciativa internacional, foram apresentados os mais recentes estudos realizados com avaliações qualitativas e quantitativas rigorosas quanto ao impacto dos quadros interactivos no processo de ensino e aprendizagem, na mudança de práticas e nas metodologias de ensino.
Tal como já temos vindo a constatar no âmbito do Projecto Interact, o quadro interactivo pode desempenhar um papel fundamental na integração das TIC no currículo. Porém, não é propriamente pela sua presença na sala de aula que tudo acontece… É um passe de magia lento, corajoso, persistente e árduo. Embora a sociedade e o mundo da informação e da tecnologia exijam transformações aceleradas, não podemos esquecer que nos confrontamos com um ensino tradicional, com práticas seculares…
Com a instalação prevista de 9000 quadros interactivos nas salas de aula até Abril do próximo ano, numa iniciativa do Plano Tecnológico da Educação, Portugal coloca-se no pelotão da frente, nesta iniciativa, a par com o Reino Unido e com o México.
Estamos convictos que este programa de instalação de tecnologias nas salas de aula vai ser rigorosamente acompanhado por uma sólida e alargada formação dos docentes (e não docentes!), numa preocupação efectiva de integração das TIC no currículo, no sentido de obter transformações no processo de ensino e aprendizagem com reais benefícios positivos para os alunos. (Algo que ainda está em estudo nos vários países, sem resultados suficientemente conclusivos!).
Porém, de acordo com a nossa experiência, constatamos que docentes e alunos mais “expostos” à utilização regular do quadro interactivo e ligação à Internet na sala de aula desenvolvem significativamente a sua “maturidade” em tecnologias – chamemos-lhe “e-Maturidade”, permitindo-lhes alcançar um melhor desempenho e um aumento de competências em TIC. Obviamente, a obtenção destes resultados com o uso mais correcto e criativo do Q.I implica que o docente domine múltiplas ferramentas de produção de conteúdos e que planifique cuidadosamente as sessões de aula, muitas vezes com imenso esforço e sacrifício.
Acrescente-se, contudo, que este estádio é atingido por poucos docentes, tendo em conta que o uso do Q.I. exige:
· treino regular, sistemático e gradativamente aprofundado;
· trabalho colaborativo assente na partilha de experiências, ideias e de recursos digitais interactivos;
· livre e permanente acesso a salas com quadros interactivos instalados;
· reorganização do funcionamento da gestão e administração dos espaços escolares;
· apoio, acompanhamento e regulação da actividade docente;
· tempo significativo para preparação de aulas, pesquisa e criação de conteúdos digitais;
· formação aprofundada fornecida por formadores especialistas com experiência.
Também, no âmbito da nossa comunicação, lançámos um claro desafio para a necessidade de se abrandar o ritmo alucinante que está a ser exigido às escolas e aos professores, resultante das inúmeras e rápidas alterações tecnológicas, de modo a podermos reflictir sobre o rumo do futuro da Educação, que denominámos de “Slow e-Education”, numa analogia ao movimento que tem vindo a espalhar-se pelo mundo: o “slow-food”. Para que futuro estamos a preparar as nossas gerações?! Que papel cabe à família? Que tempo se disponibiliza para o convívio, o ócio, os tempos livres, o desporto, as tradições?
Precisamos de “digerir”, organizar, sistematizar e integrar toda a informação que nos chega em catadupa, (re)definindo caminhos em segurança e com confiança.
Esta visão foi aplaudida e apoiada pelos presentes!
Tal como os gansos, podemos enfrentar “ventos contrários”.
Se nos mantivermos conectados e abertos à partilha de ideias, experiências, interesses, obstáculos e soluções, numa Comunidade de Prática (CdP), dificilmente perderemos o rumo e nos afastaremos dos nossos objectivos.
Aprendamos uma lição com os gansos…