segunda-feira, 25 de setembro de 2006

K.O. aos quadros negros

Um novo sistema de quadro interactivo está a revolucionar o ensino nas escolas de Vale de Cambra, Arouca e Castelo de Paiva. No lugar do tradicional quadro negro, um outro abre caminho, concretizando praticamente qualquer ideal e libertando a criatividade do professor.


Desde Fevereiro deste ano, 21 escolas, do pré-escolar ao secundário, da área geográfica do Centro de Formação do Entre Paiva e Caima têm ao seu dispor um conjunto de ferramentas para dinamizar a aula. Um computador, um quadro branco interactivo onde projectar a imagem do monitor, um projector e uma caneta a ocupar o lugar do rato são os elementos essenciais. O resto é com o software – há dois disponíveis, dependendo do grau de ensino – e com o uso que o professor lhe quiser dar. As possibilidades são infinitas. O programa reúne, se não tudo, grande parte das características dos conhecidos aplicativos de texto e imagem, mas aqui ao serviço da docência. É possível escrever com vários tipos de letra, tamanho ou cor, auxiliar-se de imagens – disponíveis na biblioteca do software ou adicionadas pelo utilizador -, trabalhar sobre vários tipos de grelhas – linhas, quadriculada, lisa ou mesmo pautas musicais -, etc. Todas as tarefas executadas naquele quadro são guardadas. A criatividade de cada um dita as regras num jogo em que as estratégias podem ser às centenas. O sistema faz-se ainda acompanhar de uma ferramenta, o ACTIVslate, que não é mais que um pequeno quadro onde o professor ou o aluno faz exactamente o mesmo, mas à distância. Desta forma, o docente pode circular pela sala e o aluno pode “ir ao quadro” sem sair da cadeira. Também sem se moverem do lugar, todos os alunos – e não só alguns, como é hábito – podem responder às perguntas do professor. Basta ser uma pergunta de resposta sim/não, verdadeiro/falso, ou escolha múltipla. Através do ACTIVote (na foto), um pequeno aparelho do tamanho de um punho fechado, cada aluno pode votar na resposta que julgar ser a correcta. O software converte as respostas dadas para percentagens e apresenta-as num gráfico ou mesmo em folha de Excel. Numa turma de 30 alunos, onde é difícil saber quem sabe e quem não sabe, este extra acaba por ser uma ajuda à avaliação do docente, uma vez que grava as respostas individuais de cada aluno. Até aquele aluno que nunca fala nem levanta o braço pode dar o seu contributo.
O ACTIVote tem-se revelado tão eficaz, que a Escola Secundária de Vale de Cambra, onde está instalado o Centro de Formação Entre Paiva e Caima, tem usado o sistema na sua própria avaliação interna junto de professores e demais funcionários.


Sucesso do equipamento depende do docente

Para além de uma concentração redobrada, José Paulo Santos garante melhores resultados. “Os miúdos hoje funcionam muito através do visual, da imagem. Ora isto com o quadro negro é impossível e não há dinamismo. Com o quadro interactivo há cor e movimento!”, explica o professor, realçando a capacidade que a nova ferramenta tem de guardar tudo o que nela é exposta.
No entanto, engana-se o professor que pensa fazer milagres apenas com o quadro, adverte o coordenador do projecto. O primeiro passo é inovar a metodologia de ensino, o que, de acordo com José Paulo Santos, “para muitos, é difícil”. É suposto que o docente passe a ser um monitor na sala de aula, mas sem deixar que o quadro assuma o protagonismo.
O quadro interactivo não está alheio ao risco de perda de popularidade. Depois de um a dois anos, a novidade já não é assim tão nova e cabe ao professor impedir que isso aconteça. “O docente tem de continuar a mudar o seu estilo, a diversificar actividades”, recomenda José Paulo Santos, desaconselhando o uso frequente do quadro, sob o risco de professor e aluno ficarem dependentes do instrumento e o primeiro perder a criatividade. Além disso, a luminosidade do quadro interactivo pode prejudicar a visão de ambos.


O projecto, intitulado Interact, está em prática desde Fevereiro de 2005. Antes disso, o coordenador e grande impulsionador do Interact, o professor José Paulo Santos, tentou candidatar o projecto ao programa europeu Sócrates/Minerva. A candidatura abrangia não só escolas portuguesas como europeias. O chumbo de Bruxelas levou José Paulo Santos a recorrer a empresas para estabelecer parcerias que lhe financiassem o equipamento. A empresa inglesa Promethean forneceu os 25 quadros interactivos e a Sanyo os 25 Activslate, 25 Activtablet, 10 conjuntos Activote e 15 projectores. Os custos ultrapassaram os 100 mil euros.
(...)

in jornal ALERTA!
Anabela Carvalho

24-9-2006, a!

2 comentários:

  1. Olá!
    Parabéns pelo bom gosto e pelo interesse deste blog.

    Como estou a pensar fazer um estudo sobre a utilização dos Quadro Interactivos Multimédia (QIM) no ensino, peço ajuda relativamente a bibliografia de que tenham conhecimento ou de qualquer tipo de informação relacionada.

    Desde já agradeço toda a atenção/colaboração dada.
    JF
    www.naoe.blogspot.com

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  2. Viva!
    Antes de mais, agradecemos o comentário e o elogio a este blog. É esta interacção entre utilizadores que enriquece o conhecimento, a colaboração e a partilha.
    Ora, é precisamente nestes pilares que assenta o Projecto Interact.
    Quanto ao que nos pede, aconselho-o a visitar o site da Promethean em www.prometheanworld.com. Os quadros que
    usamos nas nossas escolas são ACTIVboard e SMARTboard.
    Não apresentaremos aqui apreciações sobre un e outros, pois só vendo em funcionamento é que as pessoas poderão tirar as suas conclusões.
    Contudo, aconselho-o a ler os posts em arquivo, desde Fevereiro, início de toda esta saga!
    Para mais informações, contacte-me, via email.

    José Paulo Santos
    Coordenador do Projecto Interact

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