terça-feira, 24 de julho de 2007

O Quadro Interactivo em Física e Química



A minha participação no projecto INTERACT decorre, por um lado, do desejo de inovar na sala de aula. Por outro, reconheço neste projecto um potencial pedagógico-didáctico, capaz de permitir o desenvolvimento de certas competências nos nossos alunos, assim como uma aprendizagem mais autónoma e criativa.

Do ponto de vista científico e pedagógico, a aprendizagem com um QI é um desafio e as potencialidades desta nova forma de ensinar e aprender são intermináveis. A produção de flipcharts é um atractivo e uma mais-valia relativamente a outro tipo de materiais didácticos.

No meu caso concreto, criei alguns flipcharts que inclui na plataforma [interactportugal.com] e outros que brevemente penso vir a disponibilizar. No presente ano lectivo leccionei Ciências Físico-quimicas do 7º ano e Física e Química A do 10º ano. A utilização do QI no ensino básico revelou-se bastante positiva. Estes alunos mostraram-se sempre aprazidos com a utilização de flipcharts na sala de aula. Apenas se entrava na sala de aula que logo questionavam se íamos utilizar o quadro interactivo. Depois, no decorrer da aula, assistia-se a uma disputa entre eles para participar e ir ao quadro. Aquando da utilização do quadro, notava neles um maior interesse e empenho. Quando, por motivos técnicos, não conseguia utilizar o flipchart previamente feito, notava-se um desapontamento geral da turma.

A nível do ensino secundário, a utilização do quadro interactivo não resultou tão bem como no básico. Parte da turma gostava, mas outra parte mostrava um certo desencanto pela utilização das novas tecnologias. Isto leva-nos a pensar que não são só os mais velhos que são resistentes à mudança e à inovação. Apesar disso, continuei a utilizar o quadro, mas não da mesma forma que no básico, pois penso que melhora a retenção de núcleos de informação graças à interacção e à combinação de imagens, textos e simulações.

A utilização do QI na sala de aula de física e química nem sempre é fácil. A disciplina tem um cariz bastante prático, onde o trabalho experimental deve predominar. Apesar da necessidade da realização do trabalho experimental, por vezes a escola não possui todo o material necessário e o quadro interactivo já me permitiu colmatar esta lacuna em algumas situações pontuais

A nível do secundário, ainda dinamizei uma página da disciplina na sala virtual da ESA, onde disponibilizei, além de outros materiais, os flipcharts utilizados na sala de aula. Esta sala virtual foi um êxito, pois os alunos manifestaram uma forte adesão.

De referir, no entanto, que o nº de flipcharts produzidos não foi o desejável por diversos motivos. A criação de um flipchart leva horas e, chegado o momento, nem sempre foi possível colocá-lo em prática. Por outro lado, possuía outros cargos na escola e desenvolvia em paralelo outros projectos, o que condicionou o tempo dispendido para a produção de flipcharts.

No início do ano do ano lectivo e durante o 1º período, colaborei com a coordenadora de Escola do INTERACT na formação de colegas no programa ACTIVstudio. Apesar desta colaboração ter sido voluntária, fiquei um pouco desapontada pois a maioria dos colegas que aprendeu a trabalhar com o programa não mostrou interesse na produção posterior de flipcharts.

Agradeço desde já o apoio e o incentivo prestado pela coordenadora Isaura Ventura e pelo coordenador José Paulo dos Santos.

Escola Secundária de Arouca, 19 de Julho de 2007

Marília Martins de Pinho Garcia

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Plano Tecnológico para a Educação

Imagem extraída a partir do vídeo da RTP

Foi hoje anunciado, dia 23 de Julho de 2007, no Centro Cultural de Belém, o Plano Tecnológico para a Educação. Este plano, apresentado pelo Governo e pela Ministra da Educação, prevê um investimento de 400 milhões de euros e visa apetrechar as escolas com sistemas de videovigilância, computadores, videoprojectores e quadros interactivos.



Na SIC Notícias:



Entrevista à Ministra da Educação:

Ouça a reportagem da Rádio Azeméis FM 89.7

Ouça a reportagem realizada pela Rádio Azeméis FM sobre o Seminário que decorreu na Escola EB 2.3 Bento Carqueja, no passado dia 19 de Julho 2007.

Notícia na página da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
Veja aqui a notícia na página da Rádio Azeméis FM


quarta-feira, 18 de julho de 2007

Relatando…

PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁCTICOS EM ACTIVstudio PARA Quadro Interactivo em contexto de aulas, em disciplinas com direito a exames nacionais…


O quadro interactivo vicia… e torna-se um competidor glutão do nosso sempre pouco e precioso tempo… é tentador fazer e re-fazer… e parece que nunca está bem… que é sempre um trabalho inacabado…

Gosto das aulas com o quadro i… torna-se mais fácil fazer-me entender e perceber se sou bem-ou-mal entendida. Muda de página… Volta para trás… e está tudo lá… igualzinho… pronto para reVer o raciocínio feito… E os alunos aDoram… ir ao quadro i … escrever com a caneta… mudar de página…e… ver onde leva a hiperligação…

é uma grande emoção…

E mesmo uns gatafunhos feitos a correr … eles querem que seja enviado para o e-mail da turma…

ao qual todos acedem para descarregar os flips ( e os gatafunhos…)…

Os flips construídos e usados nas aulas de 10ºano de Biologia e Geologia e 12ºano de Biologia, foram muito bem recebidos pelos alunos, principalmente os flips com exercícios e com hiperligações… ficando a certeza de que o prazer vivido no processo ensino-aprendizagem é facilitador da aquisição de conhecimentos.

Domínio da Tecnologia Utilizada… bem por vezes fico com a certeza de que sou dominada pela tecnologia… a tentativa de escrever com a caneta leva algumas vezes à mudança da página… e nem mudando o ângulo de incidência da mesma há (por vezes) alteração do resultado…

a sensação… melhor… a certeza que me acompanha é a de que serei para todo-o-sEmpre

uma info-incluíDa-a-caMinho…


A participação na acção-de-formação

PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁCTICOS EM ACTIVstudio PARA Quadro Interactivo

com a formadora Maria João Ferreira, superou as minhas expectativas… foi muito divErtido todo o tempo que aprendemos em conjUnto… e a partilha de experiências foi extremamente enriquecedora…

muito, muito positivo … tendo contribuído para que o caminho da info-inclusão seja mais atraente… e sempre… sempre compensador…

A acção de formação foi uma verdadeira lufada de ar fresco… deu para relembrar algumas ferramentas menos ou NADA usadas… e descobrir outras… que até aí tinham estado no reino do nãO-exiSte…

…foi um desafio… um excelente desafio que me fez pensar no ACTIVstudio e nos Quadros inTeractivos… de outro modo… de uma forma mais interaCtiva… e mais trabalhosa também…

sim porque criar é para quem é artista… e com tantas coisas que a vida nos exige, torna-se difícil parar para ser um inovadOridiota… dando à luz novas interacções bem FLIPadas.

Claro que ter um QI é uma mais valia

para as aulas de bioLogia / geoLogia …

aliás, fica difícil não ter o quadro para usar…a possibilidade de mostrar animações através de hiperligações à net, bem enquadradas no seguimento da aula …e a prévia construção de instrumentos que possibilitam a manipulação para se entender por exemplo a actuação enzimática é extraordinário…

e fica a certeza de que os alunos chegam lá quase sozinhos…

Para a maioria dos alunos o quadro foi bom… muito bom… mas também há excepções… mea culpa, mea culpa… pois às vezes (mais do que deveria) o quadro era menos interactivo…a pressão dos exames a isso obriga… mas estou consciente das minhas falhas…e como tal a caminho de colocar em prática a máxima…

…estou aqui para ajudar a aprender e não para ensinar…

Gosto muito de poder contar com mais este saber… pois a minha capacidade em potenciar o sucesso dos alunos aumentou… mas é apenas mais uma arma… e bem poderosa…

Para o último teste de Bio e Geo de 10º estava praticamente toda a Biologia… e antes de leccionar o último tema… para o teste… fiz um teste de diagnóstico… só com o QI foi possível… sem active vote… ou aliás um ACTIVote à minha maneira… grupos de VF… Com direito a cotação.. e correcção com consulta…

eles adoraram e eu também…

pois verifiquei que a essência das matérias estava dentro de cada um… e foi muito bom no final da aula ou vir… “…foi tão fixe stôra!”… isto após uma noitada até às 3 da manhã… sim porque esta coisa da interacção é anti-cama…

Claro que ajuda muito trabalhar com alguém, com quem é um prazer e honra poder partilhar ideias e flips…

a flor.mais.bela.desta.escola… Florbela Cardoso a leccionar o 10º tal como eu… e o coordenador… um primor… sempre a motivar… mesmo sem pedirmos ajuda …ali está o João Teixeira a partilhar com muito gosto as suas descobertas, para que o nosso caminho seja mais simples… e qualquer 5 minutos de intervalo servem para cumprir este objectivo… Assim eu dei à luz 50 flips… em que só um é O verdAdeiro… o interactivo…… o resto é…a-caminho-de…

A partilha das salas com Qi foi uma constante… e é bom sentir que já sabemos qualquer coiSita… o suficiente para ajudar colegas iniciAntes…

A minha vOntade… e os meus alunOs… são as minhas armas para vencer os contras… 2 horas de viagem, todos os dias…

bimãe de três filhos (o mais velho é o pai dos 2 pequenos…)…

três níveis… dois dos quais nOvOs…

e um deles novidAde…Área de Projecto de 12º ano do qual fui coordenadeira

…e..

sem net.at.home…

acho que até me esforcei apesar de ainda não ter conseguido editar todos os meus flipS…mas vou conseguir..

Pretendo continuar… e como há contras que permanecem… viva os que podemos eliminar… o ministério da educação vai-me (nos) dar um portátil com net… viVa…… aí acho que os meus fliPs e participação no interact vai aumentar…mUitO… e a minha carita.sempre.a.riR tambémmm…

a MelhOrar…

mais salas com quadrOs…mais encontros de partilha de trabalhOs…


um AtéJá ao zÉpaulo… um excelente coOrdenadorPai..


Clara Tavares
Escola Secundária de Vale de Cambra

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Ideias para o Futuro - Porque gostamos do Planeta Azul

O Projecto "Interact - Quadro Interactivo nas Salas de Aula" acarinha e abraça o concurso Ideias para o Futuro da Navigator Kids, direccionado às crianças e jovens até aos 15 anos e que decorre até dia 30 de Setembro de 2007.
Entra no portal, preenche o formulário de inscrição e manda já as tuas ideias originais e criativas sobre o futuro da Terra. Podes ganhar prémios!

O Ambiente e a Ecologia deve ser uma preocupação crescente para todos nós. Procuremos encontrar soluções em conjunto para garantirmos um futuro melhor para nós e para as nossas crianças. Demos-lhes também a oportunidade de reflectirem sobre o Planeta Azul, de modo a que a sua cor se mantenha...


Que podemos nós fazer para proteger o nosso Planeta?


Projecto Interact em Oliveira de Azeméis


A Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis organiza,
no dia 19 de Julho de 2007, pelas 14.30 horas,
um Seminário de apresentação do Projecto Interact
aos professores e educadores daquele concelho,
na Escola EB 2.3 Bento Carqueja.

Mais informação aqui



terça-feira, 17 de julho de 2007

Experiências com os Quadros Interactivos na disciplina de Inglês

O impacto que as novas tecnologias têm no desenvolvimento de todos os sectores da sociedade é enorme e impensável num passado recente. Também no sector da educação e, concretamente em sala de aula, a importância dos meios informáticos como instrumento auxiliar no processo de ensino/aprendizagem é notória, uma vez que se torna cada vez mais necessário diversificar estratégias e metodologias, no sentido de despertar e motivar os alunos para novas descobertas. Esta nova realidade começa a revolucionar os modelos de prática lectiva em vigor. De facto, a aprendizagem tradicional começa a ceder em favor das aprendizagens centradas nos hipermédia, as quais incluem os Quadros interactivos (imagens e sons associam-se a textos e a outros sons e imagens). O ensino caminha para um estado de construção e descoberta, no qual o professor passa de transmissor a facilitador da aprendizagem, e a mera absorção de conteúdos programáticos dará lugar à crítica reflexiva de informação. Assim, é dado ao aluno a possibilidade de ser ele próprio a construir a sua própria aprendizagem, permitindo que ele questione, actue, e observe o produto da sua acção.


Durante as poucas aulas em que trabalhei com o Quadro pude:

  • constatar o grande entusiasmo que os alunos revelam e a facilidade com que aprendem a manusear as ferramentas de trabalho;
  • verificar que a utilização do Quadro dá aos alunos a sensação de poder fazer / construir;
  • concluir que os alunos com o Quadro conseguem aprender pelo prazer da descoberta; encaram os exercícios como um jogo.
Este aspecto é importante uma vez que, assim, aprendem normas sociais e adquirem conhecimentos de forma dinâmica. Mais ainda, o jogo reflecte a realidade, permite adquirir conhecimentos e fornece pretextos para a solução de problemas. Trata-se de um processo no qual o aluno pergunta, age, e observa os efeitos da sua acção. Este factor é extremamente importante para o seu desenvolvimento. Os alunos têm revelado grande entusiasmo e aprendem com surpreendente rapidez a utilizar a pen e as ferramentas. Neste modelo educativo, há a possibilidade de o aluno assumir um papel mais activo, participativo, criativo e colaborativo, escrevendo no Quadro, arrastando objectos, figuras, acrescentando e retirando informação, sublinhando palavras, colorindo, participando na construção de esquemas, gráficos, sínteses, resumos, simulando experiências que, com um simples click podem ser guardados, enviados por e-mail. Mais ainda, todos estes gestos podem ser vistos em simultâneo por toda a turma, debatidos, comentados e avaliados.


Apesar de me sentir adepto desta nova tecnologia, confesso que, no início, esta nova realidade pareceu-me um pouco complexa no que ao manuseamento das ferramentas diz respeito. Para além disso, a concepção de materiais e as estratégias de utilização do equipamento requerem um grande investimento em termos de tempo. Contudo, com a ajuda preciosa por parte dos coordenadores, a troca de informação com outros colegas, e algum empenho e imaginação, não só consegui aprender a manusear as ferramentas de forma razoável, como fui melhorando bastante no tempo dispendido na construção dos Flipcharts. Face às expectativas iniciais, penso ter conseguido adquirir os conhecimentos essenciais para a elaboração de Flipcharts. Ao longo do ano, produzi alguns materiais didácticos para a disciplina de Inglês (5º Ano), os quais, para além de fazerem parte do programa, parecem-me adequados para os alunos em causa. Os materiais elaborados foram relacionados com os seguintes conteúdos programáticos: Nouns - Singular/Plural; Food; Means of Transport. Apesar da pouca experiência que tenho ainda, concluo, entre outros aspectos, que se quisermos captar a atenção e interesse dos alunos podemos consegui-lo com facilidade se transformarmos a nossa actividade docente num verdadeiro jogo. Assim, consegue-se que a aprendizagem do aluno se transforme na mais divertida das suas actividades e para ela, aprender será sinónimo de jogar. Com o Quadro Interactivo consegue-se que aprendam pelo prazer da descoberta do jogo.


É importante manter a motivação dos alunos, pois só assim será possível avançar em todos os domínios. Esta actividade precisa de trabalho e investigação do educador para conhecer quais as estratégias que são mais relevantes para o desenvolvimento do aluno e fomentá-las ao mesmo tempo que tem de avaliar a sua pertinência neste processo complexo de aprendizagem.


As ferramentas de comunicação e interacção à distância proporcionadas pelas TIC podem ser potenciadas na promoção de boas práticas nos vários contextos e modelos de aprendizagem, de que são exemplo o trabalho colaborativo (terá que se investir mais nesta modalidade) e as comunidades virtuais de aprendizagem. A implementação de novos modelos curriculares com maior ênfase em competências transversais e na realização de tarefas de uma forma autónoma por parte do aluno e, ainda a inclusão de novas áreas curriculares não disciplinares, justifica a contínua formação de professores no sentido de dar resposta a estes paradigmas, incluindo as TIC como ferramentas potenciadoras e geradoras de novas situações de aprendizagem e metodologias de trabalho.


Por fim, quero destacar a constante disponibilidade e interesse, por parte do Coordenador, Professor José Paulo Santos, em relação ao trabalho realizado, bem como o rigor das análises e sugestões que foi fazendo ao longo do ano. Destaco, ainda, a disponibilidade constante da Professora Helena Vide no sentido de tirar dúvidas e dar sugestões relativamente à selecção e apresentação de vários conteúdos a incluir nos
Flipcharts.


Fernando Jorge Serralheiro Marques

Agrupamento de Escolas do Búzio (Vale de Cambra)


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segunda-feira, 16 de julho de 2007

De Lisboa para Castelo de Paiva...

Conhecidas que eram as dificuldades de viver nas aldeias, os meus pais deixaram a terra natal – Nespereira, no concelho de Cinfães – para trabalharem em Lisboa, mais precisamente no concelho de Sintra. O amor às origens trazia-os diversas vezes ao norte e, há trinta anos, tendo eles vindo festejar o S. João, resolvi nascer em Castelo de Paiva.


Estudei em Sintra, licenciei-me em Lisboa, trabalhei em Lisboa e em Sintra. Várias vezes comentava que desejava conseguir colocação no norte, bem próximo das origens da minha família. Colegas questionavam esta minha vontade, alertavam para as dificuldades de trabalho nas escolas do norte, “perdidas no meio dos montes, isoladas de tudo, sem condições….”. Mas o sonho não se abala facilmente e, há dois anos, no dia de S. João, sendo divulgados os resultados de mais um concurso para colocação de professores, recebo a notícia de que sou colocada em QZP de entre Douro e Vouga.

No primeiro ano lectivo, exerço funções docentes na EB1 de Castelo de Paiva nº1, de onde guardo muito boas recordações pessoais e profissionais. No segundo ano, este que agora finda, sou colocada na EB1 de Castelo de Paiva nº2, por um período de três anos. Reencontro as colegas com quem trabalhei em Sintra e falo-lhes com alegria da minha mudança. Digo-lhes que tenho a possibilidade de utilizar um Quadro Interactivo e questionam-me sobre as funções de tal ferramenta. Com satisfação e muito orgulho, apresento-lhes as novidades que, ainda hoje, não são conhecidas na grande Lisboa, mas que já fazem furor num pequeno concelho do norte!!!

E terminado o meu desvio no tempo e no espaço, retorno ao final do ano lectivo 2006/2007, depois de um ano de trabalho com uma turma de 2ºano de escolaridade, na Escola Básica 1 de Castelo de Paiva nº2, para apresentar o meu relatório incidente sobre a utilização do Quadro Interactivo na sala de aula.

Em primeiro lugar, esclareço que não sou por norma uma aficionada das TIC, conheço os procedimentos básicos de alguns dos programas mais usualmente utilizados para trabalhar com computador, não aderi fanaticamente ao acesso à Internet com todas as suas janelas abertas… Da mesma forma, ao iniciar o ano, não encarei o facto de leccionar numa sala onde estava instalado um Quadro Interactivo como uma mais valia só por si. Quer isto dizer, que não vi unicamente a ferramenta que se me apresentava, mas pude redimensionar as minhas metodologias e estratégias de trabalho tirando proveito de mais um recurso que tinha agora à minha disposição. Afirmo diversas vezes, e choco alguns colegas ao fazê-lo, que não pretendo ensinar os meus alunos a ler, a fazer contas, a nomear os rios de Portugal (e por aí fora… os conteúdos programáticos são inúmeros). Pretendo, antes, ajudá-los a descobrir o prazer de aprender!!! Pretendo, antes, ajudá-los a aprender a aprender!!! E foi nesta perspectiva que encarei o QI, como sendo mais uma ferramenta a que posso recorrer procurando alcançar o meu objectivo.

Sem dúvida nenhuma, que o QI constituiu um factor de motivação para os meus alunos. Quando o ano iniciou e entrámos na sala, ficaram maravilhados! Tendo explicado que ainda teria de aprender a usar o quadro, todos os dias me vi “interrogada” pelos meus alunos: “Professora, já sabe?”, “Já vamos usar o quadro?”, “Ó professora, quando é que aprende a ligar o quadro para nós usarmos?”... E eu, que pretendia motivá-los para o seu processo de aprendizagem, vi-me motivada por eles para a minha aprendizagem. E desculpem-me aqueles que esperam resultados brilhantes por parte dos alunos… Desculpem-me os que procuram vantagens para os alunos usando esta tecnologia… Pois de nada servem materiais, tecnologias sofisticadas, se o professor não se sentir envolvido para, então, envolver os seus pequenos aprendizes!

Não posso dizer que tenha mudado metodologias de trabalho, mas reformulei estratégias: na motivação para a leitura e a escrita, no trabalho de aperfeiçoamento de texto, no desenvolvimento do cálculo e raciocínio, na motivação para a descoberta.


Ponto importantíssimo, que devo salientar, reporta-se ao comportamento dos alunos em ambiente de sala de aula e ao cumprimento de regras de trabalho. Dada a enorme vontade de serem chamados a trabalhar no QI os alunos foram interiorizando, mais significativamente e com maior rapidez, que o colega deve ser respeitado, para que o próprio também o seja na sua vez de ir ao quadro.

E, uma vez que estou a falar de motivação e de aprendizagem comportamental, partilho uma situação específica com um aluno com Necessidades Educativas Especiais, aluno com Trissomia 21, pouco comunicativo, muito irrequieto e apresentando uma capacidade de concentração mínima nas actividades propostas. Foi interessante e muito gratificante, observar a atenção crescente do aluno para com tudo o que se passava no quadro, ao ponto de, ao chegar à escola, pedir à mãe que o levasse de imediato para a sala porque, como ele dizia “tem bonecos”. O poder da imagem demonstrou-se claramente. Maior espanto senti quando, chamando o aluno ao quadro para pintar uma figura, o vejo manejar a caneta mudando cores sem que nada lhe fosse dito. Parece uma situação insignificante, mas é preciso conhecer o aluno para perceber a intensidade e a importância desta realização!!!


Falando ainda de motivação, foi bastante interessante notar que os alunos ansiavam pelas actividades lúdico-didácticas disponibilizadas através do software ACTIVPrimary, nomeadamente para a área de Matemática, área essa que geralmente é o “bicho-papão” que amedronta e inibe os nossos alunos. Além disso, notava-se muito claramente o espírito de entre-ajuda estabelecido entre os alunos (porque o objectivo não era cada um deles conseguir, mas sim a turma conseguir realizar a actividade). Este factor auxiliou os alunos que, por natureza, são mais reservados, tímidos e inseguros, libertando-os para uma maior participação na aula.


Devo salientar que, mais importante do que o trabalho de aula baseado nos meus flipcharts, foi o trabalho que os alunos puderam construir e apresentar que trouxe maiores ganhos em todo este processo. Durante as aulas, a turma descobriu conhecimentos, organizou-os e preparou flipcharts. Estes serviam não só como recurso de revisão de aprendizagens, mas também como prova daquilo que os alunos estavam a alcançar e a fazer nas aulas. E este facto era de tal modo importante, que eles prepararam uma aula para os seus pais, demonstrando o seu trabalho. Lembro a enorme satisfação dos alunos por estarem no papel de professores, lembro a satisfação dos pais por estarem no papel dos seus filhos e, principalmente, por observarem a alegria deles por terem oportunidade de mostrar o que estavam a aprender. Foi uma experiência que correu bem e que pais, alunos e professora esperam repetir!!!


Ao longo do ano, senti que os manuais foram ocupando um lugar cada vez menos imprescindível. Esta situação não se deveu ao facto de ter um quadro interactivo na sala de aula. Desde o início da minha carreira profissional que posiciono os manuais no lugar que, penso eu, devem ocupar – ou seja, simples recursos de apoio e não como ditadores do processo de ensino-aprendizagem. É bem verdade que nem sempre existem outros recursos de apoio, é bem verdade que os pais se sentem mais seguros quando os seus filhos cumprem todos os exercícios do dito livro, é bem verdade que os professores (não sei se muitos ou pouco) se sentem mais seguros de si quando chega o final do ano lectivo e o manual está todo escrito. “Já dei o programa todo!”, dizemos nós… seguros de que a nossa função está cumprida… Mas falta o resto, falta o principal (arrisco a dizer…)! Onde fica a motivação e a liberdade de cada indivíduo construir o seu saber?! Então aqui pode entrar o Quadro Interactivo!


Não perdendo o Programa e o Currículo de vista, mas apontando para as Competências, é possível construir o conhecimento dos alunos, com os alunos, partindo dos alunos de forma igualmente estruturada (quando comparada ao uso do dito manual). A par disto, encontro ainda a vantagem de, passo a passo, dia-a-dia, haver a oportunidade de registar e guardar toda a descoberta dos alunos, toda a estratégia implementada, todo o trabalho realizado.


Quase a terminar, uma última reflexão sobre o trabalho de colaboração que se pode gerar entre alunos e entre docentes. A utilização do Quadro Interactivo permite que um trabalho nunca se dê por terminado. Os alunos podem partir do flipchart do professor ou de um colega para modificarem, alargarem, retirarem e continuamente construírem o seu conhecimento. Um professor, que se integre num ambiente de colaboração e abertura, pode ver o seu trabalho enriquecido e facilitado pela partilha de flipcharts e, acima de tudo, pela partilha de experiências que daqui podem surgir! Não o digo no plano da utopia, mas porque tive a oportunidade de experienciá-la este ano na partilha de dúvidas, de incertezas, de estratégias, de certezas com uma colega, também ela docente de 2ºano.


O que se poderá melhorar? Modificar? Resposta difícil… Quando se envereda por um caminho diferente e desconhecido, não há a experiência de outros caminhantes que nos possa guiar. Contudo, há algo que nunca se poderá descurar: a capacidade de reflexão sobre a opção tomada, sobre o caminho já percorrido, sobre o que está ainda por percorrer! E que seja uma reflexão individual, mas também de grupo (professores, alunos, pais, comunidade). Que seja uma reflexão sobre breves momentos da prática educativa - porque estes podem fazer a diferença - , mas igualmente sobre o percurso de aprendizagem globalmente, não correndo o risco de sobrevalorizarmos ferramentas em detrimento das finalidades.


Provavelmente não terei cumprido os requisitos de um relatório, enveredando por uma reflexão pessoal (e, por isso, menos objectiva) sobre a experiência deste ano lectivo utilizando o Quadro Interactivo… Considero-me mais sensível a sentimentos, atitudes, do que a números ou percentagens… De qualquer forma, aqui fica o testemunho de uma professora que se sente enriquecer!


Maria João de Jesus Brochado

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A partilha e a colaboração no Búzio

Mais um ano lectivo chegou ao fim!


Época de avaliação de aprendizagens, época de reflexão sobre o trabalho realizado, sobre o que se fez e o que se poderia ter feito! E, nesta perspectiva, surge, também, o “Balanço final do Projecto Interact”, mais especificamente, o “Balanço” do impacto do Quadro Interactivo na nossa prática lectiva.

É certo que, nos dias de hoje, é impensável mostrarmos indiferença pelas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação pois serão estas as “ferramentas do futuro” que nos ajudarão a diversificar métodos e técnicas de ensino, a tornar as aulas e a própria aprendizagem mais motivadora e atractiva tendo em vista o sucesso dos alunos.

É neste contexto que surge o meu interesse por esta área, nomeadamente pelos quadros interactivos, que utilizo há já alguns anos. Os quadros interactivos são uma excelente “ferramenta” para motivação, treino e consolidação de aprendizagens, desde que utilizados de forma coerente e equilibrada. Proporcionam ambientes de aprendizagem bastante entusiasmantes, motivadores e dinâmicos sendo, por isso, bastante elevada a motivação e o interesse dos alunos pelas actividades propostas. Esta motivação e envolvimento por parte dos alunos reflectem -se também no seu comportamento e no desenvolvimento de competências, pois, estando mais atentos e concentrados os alunos aprendem melhor e, obviamente, portam-se melhor! Esta constatação é, sem dúvida, uma motivação para o professor e um desafio para prosseguir adaptando-se e alterando as suas práticas de acordo com os interesses e necessidades dos seus alunos, de forma a que aprendam cada vez mais e melhor.


No que diz respeito à minha experiência pessoal, iniciei o meu contacto com os Quadros Interactivos em 2003/2004, com o SMARTBoard, e com alunos do 3º ciclo (9º Ano). Foi uma experiência gratificante e enriquecedora, a turma tinha já muitos conhecimentos nesta área o que facilitou o desenvolvimento dos trabalhos. Eu ensinei…. mas também aprendi! Nos anos seguintes passei a leccionar turmas do 2º ciclo e a utilizar o ACTIVboard (activstudio) e o impacto desta nova tecnologia junto dos mais pequenos superou as minhas expectativas.

No ano lectivo que agora termina leccionei Língua Portuguesa e Estudo Acompanhado a duas turmas de 5ºano (turmas C e F). Nas aulas de Língua Portuguesa elaborei flipcharts relacionados com a matéria a leccionar e as características das turmas, recorrendo aos vários recursos que tinha ao meu alcance (Biblioteca de recursos, Internet, recursos áudio etc). Foi também de grande importância a utilização do Quadro Interactivo nas actividades relacionadas com o Plano Nacional de Leitura, fazendo, por exemplo, ligação a sítios na Internet, nomeadamente, ao sitio da “História do Dia “ de António Torrado, actividade que muito agradou aos alunos. Nas aulas de Estudo Acompanhado foi desenvolvido, sempre que possível, e dadas as características desta Área Curricular não Disciplinar, um trabalho mais colaborativo, tendo mesmo chegado a realizar flipcharts com a colaboração de colegas que leccionavam a mesma turma, e a colaborar num projecto desenvolvido pela professora Manuela Barroso com um aluno de currículo alternativo a quem leccionava a disciplina de Língua Portuguesa numa vertente mais funcional. O aluno elaborou, nessas mesmas aulas individuais, um flipchart que foi apresentado à turma numa aula de Estudo Acompanhado que o aluno frequenta. Apesar de ser um aluno muito pouco participativo, aceitou este desafio e, com a ajuda das professoras, conseguiu apresentar o seu trabalho à turma. O elogio que recebeu por parte professoras e colegas foi um estímulo para continuar e um grande contributo para reforçar a sua auto-estima.

No entanto, o espírito colaborativo, o trabalho de equipa, a partilha e a troca de experiências e conhecimentos estiveram sempre bem enraizados nos professores do Agrupamento de Escolas do Búzio, que integram o Projecto Interact.

Prova disso é o empenho e entusiasmo com que participaram em todas as “Sessões” de apresentação e divulgação do Projecto Interact, do ACTIVboard e respectivo software, no início do ano lectivo e, posteriormente, numa Acção de Formação, na modalidade de Oficina, por mim orientada, com a preciosa colaboração dos colegas Manuela Barroso e Mário Silva.

Acção de Formação

Quadros Interactivos: Produção de materiais pedagógicos multidisciplinares”

Foi, para mim, uma experiência muito gratificante. Todos participaram de forma interessada e dinâmica, mesmo fora do horário estipulado, e produziram Flipcharts de excelente qualidade.

Como coordenadora do Projecto no Agrupamento desde a sua implementação, para além de todo o trabalho inerente a este “cargo”, participei em todas as actividades programadas.

Estive sempre ao dispor de todos os colegas para qualquer esclarecimento ou ajuda relativamente à construção de Flipcharts ou mesmo sobre o próprio software, deslocando-me, sempre que solicitada, ao centro Educativo da Praça.

  • No dia 21 de Abril de 2007, participei no “Workshop Interact”, realizado na Escola Secundária de Vale de Cambra, onde apresentei um Flipchart sobre o trabalho desenvolvido no Agrupamento, mais propriamente na Escola EB23 do Búzio.

Actividades desenvolvidas na Escola EB2,3 do Búzio

Estas foram algumas das actividades realizadas ao longo deste ano lectivo. Fica-nos, contudo, a sensação que poderíamos ter feito mais.

No entanto, convém salientar que, na Escola existia um só QI para os 13 professores aderentes ao Projecto, o que, por vezes, impediu o seu desenvolvimento a um bom ritmo, tanto a nível de preparação de aulas como de actividades. No entanto, a gestão da sala do QI foi sempre feita na base da compreensão, espírito de partilha e respeito pelos colegas.


Uma palavra de reconhecido agradecimento ao coordenador do Projecto, José Paulo Santos, pelo apoio incondicional que sempre nos prestou e pelo elevado profissionalismo e espírito de liderança com que tem conduzido este grande “bando”que é o Projecto Interact.

Maria Helena Vide Paiva



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Estádio Projecto INTERACT

Sentada à frente do computador, puxo pela memória à procura de situações ou momentos curiosos sobre a minha experiência com os Quadros Interactivos (QI) e vejo-me conduzida ao título escolhido.

Ao fim de ano e meio de trabalho com o QI, em sala de aula, acrescida da função de coordenadora Interact do Agrupamento Vertical de Escolas de Castelo de Paiva (neste ano lectivo), dou conta de um cansaço, não físico, mas fruto de um esforço na aplicação de um conjunto de procedimentos que me levou a adquirir uma grande resistência e ao desenvolvimento harmónico de diferentes aptidões. Neste contexto, estabeleci uma analogia entre o atleta de Declato e eu, a coordenadora/professora, do 1º ciclo, Interact.

Há ano e meio, entrei no Estádio: “Projecto Interact”, situado na zona geográfica dos concelhos de Vale de Cambra, Arouca e Castelo de Paiva. As corridas tiveram lugar na pista de atletismo que era a sala do 2º ano da escola: http://www.eb1-castelo-paiva-n2.rcts.pt/. No espaço interior à pista, os lançamentos e saltos foram executados no Blogue Interact http://interactsite.blogspot.com e no Glossário – Partilha de Recursos http://www.interactportugal.com, respectivamente. A prova da Maratona realizou-se nas vias públicas, decorrendo dentro do Agrupamento Vertical de Escolas de Castelo de Paiva.

Assim sendo, no início, a minha performance concentrava-se na prova de corrida. Ao tiro de largada o QI era ligado na sala de aula, colocando à disponibilidade da professora uma infindável variedade de ferramentas!... Uma das finalidades da corrida era produzir quatro flipcharts/mês!... Nos primeiros metros, o entusiasmo era tal que perdia a noção de tempo, ficando entretida, altas horas da noite e fins-de-semana, a brincar com o software ACTIVprimary explorando todas as suas potencialidades. O apoio entusiástico, vindo das bancadas, da parte dos alunos, dava-me energia para prosseguir. As aulas tornaram-se muito mais atractivas e dinâmicas, sentia uma autêntica explosão muscular: fazia flipcharts, em casa, e os alunos maravilhavam-se sempre que eram chamados ao QI. Mas, a certa altura da prova, começaram a aparecer obstáculos (barreiras): a rotina, o tempo, a ausência de novidade. O cansaço, tanto meu como dos alunos, surgiu: o QI já não era novidade e os flipcharts entraram na rotina!... Portanto, foi imperativo a mudança de técnica, tinha-a aprendido, agora, tinha de a fazer progredir. A técnica implica conhecimento das operações (domínio das ferramentas do QI), manejo das habilidades (guardar, duplicar, aumentar, diminuir, hiperligar, interagir, apagar, etc. …) e a capacidade de improvisação e criatividade. O QI incita o professor à procura de novas metodologias e práticas inovadoras enfim, à mudança. Mas, conquistar a compreensão e competências para a mudança demora tempo e os professores não têm tempo!...

Cheguei ao final da prova, ao fim de quatro meses de utilização do QI com a sensação de tarefa cumprida (4 flipcharts/mês), entusiasmada com o apoio, mas, não de maneira triunfal… era preciso inovar, o público assim o exigia e eu sentia essa necessidade.

No ano lectivo 2006/2007 dedico-me, também, a outras modalidades: lançamentos e saltos. Como é do conhecimento geral os lançamentos são feitos dentro de uma zona limitada (círculo) que neste caso específico era no http://interactsite.blogspot.com/. A prova de saltos, como precisa de impulso e tem um colchão para receber a queda do atleta, era praticada em http://www.interactportugal.com/. Estas modalidades foram colocadas, dentro do Projecto Interact como mais um recurso à disposição do professor Interact com objectivos, não só técnicos (Partilha de recursos – Glossário), mas também com objectivos pedagógicos (Blogue e Fórum das Disciplinas. Neste, descrevi, na disciplina do 1º ciclo, dois casos, nos quais o QI se revelou uma ferramenta muito importante no contexto de ensino e aprendizagem, nomeadamente: Trabalho de aperfeiçoamento de texto, no quadro interactivo e O Trabalho de Projecto). Recorri, com frequência, a estas modalidades em busca de partilha de experiências para não cair na rotina, para manter o brilho no olhar dos alunos, para progredir. É essencial promover o crescimento partilhado dos professores/educadores.

O Coordenador do Projecto Interact, José Paulo Santos, convidou, desafiou, apoiou, tem sido um participante activo no processo da mudança, incentivando os professores a publicarem as intervenções pedagógicas que protagonizam, mesmo àqueles que, reconhecendo a necessidade de mudar têm medo de perder a certeza, a rotina e todos os confortos a que estão habituados. A mudança é difícil e lenta mas, “com paciência e perseverança tudo se alcança”.

Este ano lectivo, como coordenadora de Escola Interact, pude contar com o trabalho de equipa e colaborativo, entre professores, uma mais valia, sem dúvida!

Foi nesta altura que, em equipa, entrámos na modalidade da Maratona. A corrida foi de longa distância: semanalmente, reuniam os professores da EB2/3 e mensalmente os do 1º ciclo da EB1 n.º 2, com o objectivo de partilhar técnicas e experiências. Exigiu, igualmente, grande resistência física para os inúmeros contactos, pedidos, actividades, ofícios… mas, com a colaboração do Executivo do Agrupamento, Executivo Municipal, Encarregados de Educação, professores e educadores conseguimos chegar à meta: apetrechar todas as salas de aula da EB1 n.º 2 de Castelo de Paiva com quadros interactivos, culminando, no final do ano, com a realização de um Encontro de agradecimento, partilha e incentivo, no Auditório Municipal (já publicado neste blogue).

Chego ao fim deste ano lectivo, sentindo-me uma atleta mais completa, uma vez que continuei a praticar a modalidade de corrida, na sala de aula, transpondo obstáculos. Os obstáculos: tempo e rotina foram superados quando os alunos passaram a utilizar o QI para construírem os seus próprios flipcharts, atingindo-se um dos mais importantes objectivos e pretensões do Projecto Interact: o aluno como construtor do seu próprio conhecimento, estando ele à frente do processo de aprendizagem!

Iniciei e pretendo continuar a modalidade de lançamentos e saltos que considero fundamental para progredir e inovar, dando e recebendo. A prova da Maratona terá de continuar nas vias públicas, passando por outras escolas, por outros professores e, claro está, poder chegar a TODOS os alunos, com chegada triunfal no Estádio: “ Sucesso Educativo”.

Maria Inês Duarte Vieira da Conceição


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segunda-feira, 9 de julho de 2007

Breve História do Tempo de uma professora com o Interact

Quando me ensinam esqueço,
quando me explicam compreendo,
quando faço aprendo.

Provérbio Chinês

Cena 1 – No princípio era uma sala Interact

Uma sala equipada com um computador, com um videoprojector, com um quadro interactivo (ACTIVboard) e com apenas 11 alunos, tagarelas, mas muito interessados e uma professora (Biologia e Geologia), já habituada a utilizar a tecnologia em causa (não, não é garantia de que a velha lei de Murphy não se venha a aplicar…).

Cena 2 – Improviso sem aviso

Segunda-feira de manhã, a professora resolveu não preparar o flipchart habitual, tentando construir um de raiz durante a aula.

(Tema da aula – aula prática de análise de amostras macroscópicas de rochas sedimentares, com o objectivo de fazer a sua classificação e deduzir o ambiente de formação.)

Cena 3 – À espera de Godot

A professora tem que esperar pelas amostras de rochas, entretanto utilizadas por um colega numa outra aula.

Cena 4 – E agora para algo completamente diferente

A professora chega atrasada à sala, completamente atrapalhada, com o livro de ponto, pasta, e 4 tabuleiros com amostras de rochas, bem pesados, diga-se de verdade…

Habitual conversa de 30 segundos com os alunos, como está a correr o dia, então o fim de semana, enfim, conversa de treta, dita-se o sumário, explica-se o objectivo da aula e liga-se o material de tecnologia de ponta.

Cena 6 – Dividir para reinar

Os alunos são divididos por grupos de trabalho, a professora explica em cada grupo a análise que devem fazer às amostras de rochas.

A professora dirige-se ao quadro interactivo e, com a respectiva caneta, inicia a construção do seu flipchart, totalmente estruturado, mas na sua cabeça…

Cena 8 – Sem comentários

A professora pensa estar com alucinações… De cada vez que tenta escrever palavras em português escorreito, daquelas que existem nos dicionários, o quadro mostra-lhe… o equivalente a um desenho altamente elaborado pela sua filha de 2 anos de idade. Pensa em George Orwell e no triunfo das máquinas sobre os Homens…que raio se passa?

Cena 9 – A lei de Murphy, o corolário

Esta tinha sido a aula escolhida para ser filmada pelo coordenador do projecto Interact, professor José Paulo Santos. E lá estava ele, pacientemente, no seu canto com a máquina montada em cima do tripé, qual Francis Ford Copolla…e com o olhar mais incrédulo deste mundo!

Bem, a dada altura lá saiu do seu canto e meteu mãos à obra, tentanto por todos os meios perceber a insistência do quadro em não funcionar!

Foram 200 aulas as leccionadas àquela turma ao longo do ano…adivinhem qual a que correu mal…


O que correu bem…


Sou professora de Biologia e tive o privilégio de assistir à apresentação de um programa revolucionário – P3D – que graças à simulação de situações celulares em 3 dimensões poderia vir a resolver muitos dos problemas de visualização que os nossos alunos têm relativamente a algumas matérias.

Concretamente, eu esperava mostrar aos meus alunos um fuso mitótico e o movimento dos cromossomas durante a divisão celular. Infelizmente não foi possível e, mais uma vez tive que recorrer à nossa quase inesgotável capacidade de improviso.

Exemplo 1 – Recombinações Genéticas

A braços com a meiose e as múltiplas possibilidades de recombinação entre cromossomas de origem materna e cromossomas de origem paterna, que no tornam únicos, tinha, felizmente, ao meu dispor um quadro Interactivo que me permitiu desenhar uma circunferência, introduzir-lhe uma linhas (fuso) e uns riscos (cromossomas). A partir disto aos alunos foi permitido rodar os cromossomas, alinhá-los de várias maneiras e de experimentar resultados, sempre diferentes.

Quando um dos comentários dos alunos é “Ah, agora já percebi estes desenhos do livro”, tudo vale a pena.

Exemplo 2 – Verificar a acção da pressão sobre um corpo

Séc XXI (aQI): Vejam lá, aqui está um cubo não sujeito a pressão. Como ficará o cubo quando submetido a pressões iguais em todas as direcções?...destapa-se o acetato e….voilá.

Séc XXI (dQI): Arrasta-se um cubo da bibiloteca de recursos (BR) - um desabafo: a BR da versão 2.1 é a melhor – selecciona-se o cubo com a caneta e reduz-se o tamanho, mantendo as proporções iniciais…outro tipo de pressão? Igualmente fácil.

É claro que podem ser os alunos a fazer tudo isto…afinal têm os manuais para fazer a pesquisa, e o quadro não é exclusivo do professor!

aQI – antes do quadro Interactivo

dQI – depois do quadro interactivo

Exemplo 3 – E agora uma dúvida existencial?

A fagocitose e a diapedese são fenómenos biológicos difíceis de visualizar, pelo facto de serem dinâmicos. Durante uma aula em que estes conceitos não constituíam objecto de estudo, um aluno levantou uma dúvida sobre estes conceitos celulares.

Quando se tem um PC, Internet (a funcionar) e um QI, só tivemos que fazer uma pequena pesquisa no Google até encontrarmos um neutrófilo a perseguir uma bactéria… emocionante… só que sem sirenes!

Exemplo 4. – Quando se quer juntar o útil ao agradável…

Era dia de resolução de uma ficha de trabalho, não era necessário o QI, achava eu. “Ó Stôra, que tal se ouvíssemos uma musiquinha no YOUTUBE? “Meus amigos, disse eu, só desta vez…não pensem que podem ter música todas as aulas”, mortinha por ouvir qualquer coisa enquanto os alunos resolviam uma ficha enorme…Azar, as colunas de som não funcionaram…fiquei triste, a sério!

Exemplo 5 – Ver Portugal do espaço e poder (re)desenhá-lo…

O estudo das formas do litoral português a partir de imagens obtidas com o Google Earth… fantástico, e um dos que mais entusiasmou os alunos.


O que mudou na minha prática docente?

A redescoberta da exploração das imagens, de grande importância na disciplina que lecciono, o prazer de colocar os alunos a resolver os problemas que lhes apareciam nos flipcharts.

É muito giro, não sei se percebem, nós é que fazemos o TPC, eles fazem o TPA…


O trabalho colaborativo com os colegas…

Tive o privilégio de trabalhar o mesmo nível de ensino com um colega, João Pedro Teixeira, excelente coordenador Interact na escola Secundária de Vale de Cambra. Partilhamos quase todos os flipcharts produzidos, elaboramos alguns em conjunto, e algumas vezes, os flips do João até me serviram de inspiração, apesar dos resultados finais serem diferentes.

Durante 25 horas, tentei partilhar conhecimentos com alguns colegas numa acção de formação orientada por mim, no sentido de produzirmos materiais didácticos para as disciplinas de Biologia e de Geologia. Penso que com algum sucesso, apesar de todos os formandos serem de opinião de que a tarefa mais difícil foi aturar a formadora…

Em jeito de conclusão…

Durante um ano e meio produzi muitos flipcharts, com diferentes níveis de elaboração. Tentei testar várias aproximações sempre com a mesma dedicação e sempre com o mesmo objectivo em mente: transformar a aprendizagem em descoberta, participação e experimentação

Todos (quase, confesso…) estão publicados em www.interactportugal.com, de modo a serem vistos, criticados, reutilizados…

Após um ano e meio de projecto Interact, sinto uma certa necessidade de testar novas aproximações nas aulas com os meus flips.

O facto de ter trabalhado com turmas cujos alunos foram submetidos a um exame nacional condiciona em alguma medida a metodologia utilizada nas aulas.

Por esta razão gostaria de experimentar novas abordagens, sobretudo numa disciplina em que os alunos não tivessem de fazer exame nacional…aí sim, poderia tentar desenvolver o gosto dos alunos pela pesquisa e por à prova a minha (modesta) criatividade.

Vale de Cambra, 10 de Julho de 2007

Maria João Valente Soares Ferreira e Silva

Escola Secundária de Vale de Cambra