segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

RESUMO DAS INTERVENÇÕES NAS 12ª JORNADAS PSICOPEDAGÓGICAS DE GAIA

RESUMO DAS INTERVENÇÕES NAS 12ª JORNADAS PSICOPEDAGÓGICAS DE GAIA

As Novas Tecnologias e a Educação

29 e 30 de Novembro 2007


São estas as conclusões dos trabalhos apresentados ao longo dos dois dias das Jornadas:

Na abertura da sessão, o Sr. P. Manuel António Rocha, Director Pedagógico do CIC, usou da palavra começando por questionar se deve ou não a informática estar centrada no ensino e se dá resposta às questões da educação. Continuou a sua intervenção referindo o antes e o hoje, da constante evolução das novas tecnologias, como auxiliar eficaz do trabalho do professor, mas sem que este perca de vista o primado da pedagogia sobre a tecnologia. Sendo as novas tecnologias uma ferramenta importante para o docente, peça fundamental e imprescindível no processo de ensino aprendizagem, não podem, no entanto, ser vistas como a solução última de todas as problemáticas da educação.
Concluiu agradecendo a presença do Sr. P. José Barros de Oliveira, como membro da Comissão Científica destas Jornadas, e do Sr. P. João de Freitas Ferreira, Presidente das mesmas.


Na primeira conferência, a cargo do Prof. Bento Duarte da Silva, do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho, subordinada ao tema TIC e Educação: um Desafio para os Professores, o orador centrou a sua comunicação em seis eixos fundamentais, a saber:

1-Formação estruturante das tecnologias;
2- Que tipo de novas tecnologias;
3- Qual a essência da tecnologia;
4- Quais as repercussões das TIC na organização escolar e curricular;
5- Vivência num “novo mundo educacional”;
6- Desafios para os professores.

Começou por apresentar uma visão diacrónica da evolução da comunicação, desde o “Homo Loquens” e “Homo Pictor”, que remontam há 50.000 anos, até aos modernos tempos da Internet, a denominada comunicação ambiente virtual, não esquecendo as outras etapas como a escrita, a imprensa/telégrafo e os microprocessadores, remontando estes, respectivamente, a 4000 anos, aos séculos XV/XIX e à década de 70/80, do século passado.
Não se pense, continuou o orador, que estas etapas funcionam como compartimentos estanques, mas a sua interligação é fundamental para o processo comunicativo.
Nem mesmo as gerações actuais, marcadamente influenciadas por uma formação tecnológica, são apologistas de uma comunicação unicamente à distância, pois continuam a privilegiar a primitiva forma de comunicação que remonta aos primórdios da Humanidade.
Referiu que a era da digitalização não pode ficar arreigada a guetos tecnológicos, impeditivos de uma compatibilidade de comunicação, mas tem de centrar-se numa rede comunicativa universal.
Concluiu a sua intervenção salientando que não existe tecnologia que resolva os problemas. Temos de ser competentes no domínio do saber e do saber tecnológico para podermos dar respo
sta às necessidades da educação.
Tal como o deus romano Janus que possuía duas cabeças, uma voltada
para o passado e outra para o futuro, também nós devemos viver o presente, alicerçados num passado com os olhos postos no porvir.


No primeiro Simpósio do dia, intitulado “Geração Net”, da responsabilidade dos professores Teresa Restivo, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Jacinta Paiva, da Universidade de Coimbra e João Sousa, do Instituto Politécnico de Bragança, a primeira oradora centrou a sua intervenção na evolução do “Homo Sapiens” até ao “Homo Digitalis”, com a introdução na vida diária dos computadores. Alertou para a forma como se pode, através dos e-mails, contribuir para a melhoria da utilização correcta da linguagem escrita por parte dos alunos. Sugeriu que isso pode ser feito através de sínteses, respostas a questões e mobilização de troca de mensagens com os docentes.
Referiu o perigo dos tradutores automáticos que, dada a sua insensibilidade, conduzem não raras vezes à desvirtuação da mensagem e salientou a necessidade de sermos autocríticos, não aceitando, de ânimo leve, as propostas das novas tecnologias da comunicação.
Depois de apresentar as várias ferramentas ao dispor do professor, question
ou as expectativas que se centram neste, salientando a necessidade de ele dominar essas ferramentas, de as colocar ao serviço do ensino de modo construtivo, que encontre tempo para todas as actividades e que realize um “esforço cooperativo” para com todos os que integram este novo mundo tecnológico.
A professora Jacinta Paiva, de forma fluente, destacou a necessidade de usarmos as ferramentas e as informações com sentido crítico. A solução não está em apresentar os mesmos conteúdos com roupagem diferente, mas em encontrar formas aliciantes de aprendizagem.
A finalizar este Simpósio, o professor João Sousa referiu-se ao posicionamento dos professores diante das novas tecnologias, salientando a posição apocalíptica, assumida por uns, e a posição integrada, defendida por outros. Se na primeira alguns docentes perspectivam o fim do ensino, a preguiça intele
ctual e a destruição do tecido social, na segunda, outros visualizam as ferramentas salvadoras, a criação de novas formas de pensamento e a salvação da democracia e duma nova economia. Impõe-se, no seu entender, o estabelecer de um ponto de equilíbrio que uma indispensável capacidade crítica proporciona.
A utilização das novas tecnologias não devem ser o resultado de modas, de pressões externas e/ou internas, de mera curiosidade, mas um desejo de fazer melhor.


No início do 2º dia de trabalhos, os professores João Paiva, da Universidade de Coimbra, Eurico Carrapatoso, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e Eduardo Machado, do Instituto Politécnico de Leiria, abordaram a temática “Aplicações e integração das tecnologias no processo de ensino aprendizagem”.
O professor João Paiva começou por referir que as novas tecnologias não resolvem de “per si” nenhum problema educativo, podendo ser mesmo perniciosas se não envolverem uma forte componente afectiva. Importa, acima de tudo, estabelecer um ponto de equilíbrio entre o antes e o depois, já que a solução dos problemas educativos não está nos professores “pratrasex” nem “prafrentex”. Prosseguiu a sua cativant
e intervenção afirmando que as tecnologias não são o elixir dos problemas da escola, pois sem trabalho, sem esforço, sem dedicação não há sucesso educativo. Facilidade raramente é sinónimo de felicidade. Concluiu a sua intervenção referindo que a acção do professor tem de ter em conta o carácter profissional, mas , também, a vertente amadora, entendendo-se por esta a atitude do verdadeiro amante daquilo que faz.
De seguida o professor Eurico Carrapatoso salientou a necessidade de os professores e
starem preparados para os desafios das novas tecnologias, dada a crescente evolução dos alunos neste domínio. Apresentou, de seguida, alguns quadros com aplicações dessas novas tecnologias, enfatizando a importância que as mesmas têm na actualidade.
Por último, o professor Eduardo Machado destacou a aplicabilidade das novas tecnologias no ensino da matemática e nas virtualidades que elas possuem na progressão da aprendizagem.


No espaço reservado às comunicações livres o professor Daniel Sa
mpaio, da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, de Matosinhos, e a professora Maria Augusta Nascimento, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, fizeram a apresentação do projecto de Portal Professor Digital, que tem como objectivo integrar as ferramentas Web 2.0 como suporte para a construção e partilha de conhecimento docente, possibilitando a troca de serviços e produtos, assim como a colaboração entre os seus utilizadores, criando a interacção e dinamização de comunidades virtuais, de forma a promover a construção colaborativa de conhecimento e o desenvolvimento profissional.
Por sua vez, o professor José António Moreira, Presidente da Escola Superior de Educação Jean Piaget/Nordeste, referiu a necessidade de proporcionarmos mais e melhores oportunidades à comunidade educativa, em consequência das profundas mudanças sociais, económicas e culturais verificadas na sociedade, desenvolvendo programas de ensino à distância que coloquem o enfoque na aprendizagem, pois, no seu entender, os ambientes virtuais são hoje um recurso pedagógico fundamental no processo de ensino/aprendizagem. Para tal, considera fundamental que os professores devam aprender estas novas tecnologias sem medos, mas nunca fazendo delas o seu substituto: 0”Sempre a máquina para o Homem e nunca o Homem para a máquina”.


Na Conferência final, da responsabilidade do Doutor Duarte Costa Pereira, da Universidade do Porto, intitulada “Tecnologias e Cidadania” o orador salientou a interligação da ciência às tecnologias, considerando-as mesmo descendentes daquela e que acabam por ter um impacto directo e frutuoso no comportamento do Homem na sociedade.
Abordou a complexa relação entre escola/governo/sociedade e salientou as várias “modas” da Educação Científica, ao longo dos séculos.
Para percebermos como é a ciência actual, e as influências que vai ter sobre as tecnologias, temos de compreender a sociedade dos nossos dias.

Esta é muito diferente da de antanho, porque é baseada em organizações de onde emergem novas disciplinas como o domínio pessoal, os modelos mentais ou as aprendizagens em equipa.
A relação entre ciência e sociedade é muito influenciada pela contextualização, pela transdisciplinaridade, pela produção em rede e pela migração conceptual.
A escola dos tempos modernos não deve continuar a formar o conhecedor passivo, mas o aprendedor pró-activo.


Ao longo destas Jornadas, e tomando por base a percepção que nos restou da intensa e interessada participação dos professores nos vários workshops, da responsabilidade do professor Luís Valente, da Universidade do Minho, na Plataforma Moodle, do professor José Paulo Santos, do Centro de Formação de Entre Paiva e Caima, nos Quadros Interactivos, e do professor José Manuel Pinto, da Porto Editora, na Escola Virtual, estamos convictos que, apesar de um grande número dos participantes pertencerem à denominada “geração sandwich”, a incompatibilidade entre o “Homo Sapiens” e o “Homo Digitalis” não existe e de que os professores tudo farão para tornar o acto de ensinar e aprender mais profícuo, mais moderno, mais eficaz, mas nunca menos humanizado.


Diríamos, em jeito de conclusão, e atrevendo-nos a apresentar a nossa própria visão, que as novas tecnologias, sendo muito úteis no processo educativo, tornar-se-ão inócuas se relegarem para plano secundário a intervenção ajustada, calorosa, crítica e afectiva do “Homo Loquens”.


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