sexta-feira, 31 de agosto de 2007

e.professor: computadores para professores


No âmbito do Plano Tecnológico Nacional, a TMN participa no programa e.professor através do qual disponibilizará computadores portáteis, com acesso à internet de banda larga, a preços muito reduzidos: 150 euros. Os interessados deverão, durante o mês de Setembro, solicitar o seu código de validação na escola em que leccionam.

Entre em http://www.eescola.net (clique em Professor) e em http://www.tmn.pt (do lado esquerdo, clique em e.escola)


sábado, 4 de agosto de 2007

Um olhar interpretativo

Sou educadora de infância, há 28 anos, e trabalho num jardim-de-infância da Rede Pública (Jardim de Infância de Macinhata – S. Pedro de Castelões).

No ano 2005, integrei no Projecto “Interact - quadro interactivo nas salas de aula”, com uma equipa multidisciplinar, com vista a divulgar as boas práticas e a reflectir sobre as experiências e práticas pedagógicas.

Nessa altura, frequentava o Mestrado na Área de Supervisão e Coordenação em Educação numa Universidade do Porto.

Quando aceitei integrar este projecto, pensei unicamente no pouco tempo que dispunha. Mas, tratava-se de um projecto arrojado, inovador, capaz de aliciar qualquer profissional em prol do “rejuvenescimento” do sistema educativo actual. Era uma oportunidade única de transformar as práticas educativas dentro da escola através de produção e partilha de conteúdos digitais interactivos.

E foi assim que um grupo de 15 crianças (de 4 e 5 anos de idade) e a educadora de infância foram criando estratégias para a estruturação dos flipcharts com espírito de inovação, experimentação e avaliação. Sempre apoiada no currículo de Educação de Infância, privilegiaram-se experiências que concediam às crianças tempo, espaço e oportunidades de jogo para explorarem e desenvolverem as suas ideias acerca do mundo e extraírem delas um significado. Esse mundo (tecnológico) que incessantemente muda, pressupõe desafios, constantes desafios! E para os vencer, as crianças têm necessariamente de ser educadas com experiências criativas e imaginativas, proporcionando oportunidades interactivas. Já McKeller (1957) referia que “o processo criativo envolve selecção, raciocínio e uma reflexão séria. Envolve condensar a informação perceptual e dar-lhe uma nova forma”.

Foram assim concebidos e construídos os flipcharts, em número suficiente e exigido no cumprimento do dever.

Mas, fazendo uma retrospectiva à origem do meu estudo – Portfolios na educação pré-escolar – uma abordagem supervisiva de investigação – acção – formação que, por si só, foi considerado de natureza invulgar tendo em conta o público a que se destina (3, 4 e 5 anos), e ainda presenteado com o Projecto Interact, numa perspectiva sistémica e numa conjuntura favorável que reforça a mudança e a inovação educativa. Assim, o presente estudo revelou novas competências quer ao nível do portfolio como estratégia de avaliação alternativa e autêntica quer ao nível de produção de conteúdos interactivos, em crianças de educação de infância. Sem dúvida, bastante inovador!

Um ano e meio depois, o meu posicionamento dentro do projecto ainda se mantém.

Curiosamente, foi apresentada a hipótese de instalar um quadro interactivo, no espaço estabelecido para a apresentação da minha dissertação, de forma a mostrar as potencialidades do quadro e, concomitantemente, o conteúdo do material interactivo.

Foi o que aconteceu. Numa das conversas informais com o coordenador do Projecto Interact Dr. José Paulo Santos, foi-me proposto a possibilidade de instalar um quadro interactivo na Universidade Portucalense – Infante D. Henrique, para a apresentação da Dissertação, caso a coordenadora do curso do Mestrado autorizasse. O tempo foi passando e o facto veio a consumar-se. Confesso que me senti enaltecida por apostarem no meu trabalho. Não senti receio ou instabilidade em todo este processo. A forma como o coordenador enfrenta e resolve as situações ou problemas transmitiu-me estabilidade e segurança. Senti também que tinha que o manter informado no desenrolar do processo de instalação, uma vez que ele estava ausente.

Imagino quanto foi difícil a longa distância e, em cumprimento de deveres profissionais, corresponder às minhas solicitações de instalação do quadro que se adivinhava para mais tarde.

Não sei como manifestar a minha gratidão perante alguém que com o seu empenho, responsabilidade e dedicação ainda se preocupa em ajudar a “brilhar” os que permanecem em seu redor. E também àqueles que prestam serviços na empresa em causa.

Ainda na sequência dos bons serviços prestados, a Universidade Portucalense pôs à disposição um técnico de informática, caso fosse preciso, antes e durante a apresentação. Este, surpreendido com tal ferramenta não resistiu a fazer algumas perguntas, rápidas e pertinentes.

A apresentação da tese foi previamente preparada em flipchart usufruindo das funcionalidades do quadro.

Perante uma assembleia e um júri composto de três elementos: Professora Doutora Alcina Manuela Oliveira Martins, Coordenadora do Curso do Mestrado em Supervisão e Coordenação da Educação, na Área de Especialização Pedagógica, a Orientadora da tese, Professora Doutora Maria José Sá Correia e a Professora Doutora Maria Manuela Abrantes, na qualidade de minha arguente e especialista da Área de Supervisão Pedagógica, defendi a investigação supervisiva, quer no enquadramento teórico quer na investigação empírica. O segundo volume apresentava anexos (documentos comprovativos, instrumentos de trabalho, e quatro CDs, sendo um deles os flipcharts (em PDF), realizados ao longo do ano lectivo.

No decorrer da apresentação foram feitas muitas perguntas e, entre elas, sobressaiu uma baseada numa citação de Iram Siraj – Blatchford,( 2004) onde refere que “… os computadores parecem funcionar como «facilitadores sociais», nos contextos da Educação de Infância…”

Será que, por vezes, não funcionam como «inibidores sociais»?

Existem dados que revelam a utilização de novas tecnologias em crianças de educação de infância e num currículo equilibrado. A qualidade de interacção é elevada, sobretudo no que diz respeito ao comportamento cooperativo. Estas novas tecnologias contêm, sem dúvida, um grande potencial no encorajamento no trabalho de grupo e no desenvolvimento social. Além de desenvolver a aprendizagem, pode ser especialmente útil para fornecer os meios para atrair as crianças desmotivadas pelo currículo académico. Também são utilizadas em crianças com falta de concentração.

Em acto conclusivo: a experiência foi única e com resultados brilhantes… Valeu a pena discutir novas metodologias e aceitar desafios,

“… desenvolver com os seus alunos um tipo de relação susceptível de integrar e valorizar as diferenças, de lidar com as insatisfações e com as inquietações e de mudar, na prática e pela prática, paradigmas pedagógicos que respondem mal às aspirações dos jovens de hoje. São eles que podem, ou não, criar atmosferas em que os alunos aprendam a sentir o desafio das dificuldades e a alegria de as superar. São eles que podem, ou não, fazer com que os alunos aprendam a apreciar e a praticar) a solidariedade, o saber e a cultura. (…) São os professores que…podem, ou não, fazer com que a escola fique no lado das nossas memórias” (Fernandes Domingos (1994) apud Balancho, Maria José s/d,p.5).

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Bibliografia

· BALANCHO, Maria, COELHO, Filomena, (2002). Motivar os alunos – Criatividade na Relação Pedagógica: Conceitos e Práticas. Porto: Texto Editora.

· MCKELLER, P. (1957). Imagination and Thinking. London: Cohen and West.

· SIRAJ – BLATCHFORD, J.(2004). Manual de Desenvolvimento Curricular para a Educação de Infância. Lisboa: Texto Editora.


Fernanda Alves