quarta-feira, 5 de março de 2008

Uma imagem vale por mil palavras…


Os manuais escolares sempre recorreram à imagem para ilustrar este ou aquele texto. Ainda nos bancos da escola, era recorrente, em cada ano, aparecerem as mesmas imagens, como se os autores desejassem gravar na nossa memória certas referências culturais importantes ou associar um texto com determinada imagem, para nos ajudar a melhor compreender a mensagem veículada por ele.
No início de cada ano lectivo, ainda muito jovem, não descansava enquanto não percorria de lés-a-lés todas as páginas de todos os manuais escolares. Adorava olhar para as imagens, ler as legendas...
A imagem teve e terá, pois, um valor e uma importância relevante em contextos de aprendizagem. Tal como eu, muitos outros alunos, com um estilo de aprendizagem predominantemente visual e cinestésico, valorizavam a imagem para apreenderem os conteúdos.
A propósito da "imagem", recordo com imensa felicidade um dos mais belos e agradáveis momentos da minha vida...
A Mona Lisa ou Gioconda de Leonardo da Vinci, entre muitas outras telas e esculturas, sempre exerceu sobre mim um misterioso fascínio. Os manuais de História, de Francês, Inglês, Português faziam questão de reproduzir esta imagem... Recorda-se?!
Pois bem, logo que tive a oportunidade, fui ao encontro do "sorriso" sedutor e mais famoso do mundo, no Museu do Louvre, em Paris. Não explicarei aqui o êxtase e a felicidade indescritíveis daquele momento....
Apenas deixo esta nota para demonstrar o quanto uma imagem pode significar para quem a vê. Se pensarmos que cada imagem contém dois elementos: o denotativo e o conotativo, facilmente percebemos a quantidade de informação que uma imagem pode transportar.
Imagine, agora, esta imagem num formato "gigante", num quadro interactivo, sobre a qual poderá fazer anotações diante dos alunos; os alunos, eles próprios, poderem escrever adjectivos que melhor caracterizem os seus sentimentos e sensações evocadas por aquela imagem... Mais ainda, como o poder evocativo da imagem é ilimitado, cada aluno, de acordo com a sua experiência e contexto, pode apresentar o seu ponto de vista, a sua perspectiva sobre o que chega até ele. As interacções, a partilha e o debate devem ser privilegiados! Esta interacção cinestésica e visual com a imagem reforça a compreensão e a memorizaçao! E, no fim, guarda-se tudo...

A colega Maria Inês Conceição relata a sua experiência sobre a exploração da imagem em contexto de ensino e aprendizagem, no 1º Ciclo:

*********************************************************************************

O contexto da sala de aula mudou.

Qualquer um, naturalmente, diria isto ao entrar na minha sala de aula e ao ficar deslumbrado com o equipamento tecnológico lá existente – computador ligado à Internet, impressora multifunções, vídeoprojector, quadro interactivo ACTIVboard, leitor de CD e máquina fotográfica digital. Nada mal!... Para uma sala do 1º Ciclo, em Castelo de Paiva!

Também eu me deslumbro dentro daquelas quatro paredes, já não tanto com o equipamento, mas com o ambiente participativo e dinâmico que envolve as actividades, muito decorrente do uso dessas mesmas tecnologias.

Vejamos um exemplo.

Na semana passada, a partir da leitura do II capítulo, do livro, “A Floresta” de Sophia de Mello Breyner, foi proposto à turma o seguinte desafio: seleccionar, no texto, contextos susceptíveis de serem explorados matematicamente, isto é, teriam que inventar situações problemáticas.

Decorrida a actividade, em grupo, a turma dá conta que houve um conteúdo (o tempo – horas, minutos) que, apesar de já as saberem, não o conseguiram explorar, de acordo com a proposta. O objectivo de saber ler as horas tinha sido atingido, mas a competência de as saber usar ainda não.

Não demorou muito para que a turma se lembrasse de quatro flipcharts do ano passado: Medir o tempo I, II, III e IV (disponíveis em Glossário – Partilha de Recursos http://www.interactportugal.com/) para a necessária revisão e reforço da matéria.

Impossibilitados de aceder ao Q.I., por falta de lâmpada no vídeoprojector, desencadearam-se outras acções: copiámos os referidos flipcharts para o ambiente de trabalho e depois cada aluno munido de pen ou CD dirigiu-se ao computador e copiou-os, levando para casa (TPC? Não, de maneira alguma!). No dia seguinte, relembravam os flipcharts, as imagens, as propostas, as situações com um entusiasmo contagiante!

Tudo estava tão presente!... Houve uma economia de tempo, facilitou-se a compreensão e acelerou-se a aprendizagem!

É este ambiente que me deslumbra, que me motiva, levando-me a questionar e reflectir sobre o impacto que ambientes informatizados, com ferramentas de grande potencial como os quadros interactivos têm para a aprendizagem e conhecimento do aluno, dentro de uma perspectiva construtivista.

Relembrando a relação entre aprendizagem e processos cognitivos, à luz da teoria de Piaget, saliento o quão importante se tornam, nestes ambientes, as imagens e as acções dos alunos.

A criança, no 1º Ciclo, apresenta uma atenção pouco estável, daí o uso da imagem poder ajudar a captar essa mesma atenção.

É reconhecido que o recurso à imagem facilita a aprendizagem da leitura e escrita, assim como da matemática. A imagem, na sua função estética, com cor, rompe com a monotonia, dando mais criatividade a uma mensagem (ex.: um texto ilustrado e colorido é mais apelativo esteticamente). Se o professor, após ou durante uma explicação, apresentar uma imagem, esta permite um reforço perceptivo, facilitando a compreensão e a memorização de vários aspectos que passariam despercebidos com uma explicação essencialmente oral. Nunca esquecendo a capacidade de memorização visual que têm as crianças desta faixa etária! (Um flipchart colorido, atractivo, estético os alunos não o esquecem mais!).

Ainda valorizando o poder da imagem, no 1º Ciclo, a sua utilização gera atitudes de participação activa, diálogo, comunicação com os outros e fomenta a cooperação entre os alunos.

Quando se tem, dentro da sala de aula, um quadro interactivo onde se pode desfrutar desse colorido de imagem, onde se tem a facilidade de ampliar, facilitando a visualização de detalhes, onde o próprio escurecimento da sala permite concentrar a atenção, do aluno, no quadro, onde se tem a facilidade de manipulação no sentido de voltar atrás ou parar na imagem pretendida, onde os flipcharts servem como ponto de referência a uma aprendizagem, então reúnem-se excelentes condições para uma melhor integração da aprendizagem, aumento da compreensão e retenção da informação essenciais para a sua progressão na escolaridade.

E se a este recurso à imagem lhe podermos agregar música e um dinamismo obtido através de manipulação directa sobre as imagens que se apresentam no quadro interactivo?!

A importância da acção e dinamismo que os quadros interactivos tão bem proporcionam ficam para outra abordagem…

Para terminar não pretendo deixar “a imagem” de que os ambientes informatizados, por si só, garantem a construção do conhecimento. O mais importante é que o professor tire o maior proveito do potencial destes equipamentos, no sentido de estimular a aprendizagem e a interactividade, integrando metodologias dinâmicas e colaborativas.


Maria Inês Conceição
EB1nº2 de Castelo de Paiva
9 de Fevereiro 2008


4 comentários:

  1. Um pequeno... mas, valioso esclarecimento:
    Este relato refere uma situação que felizmente já está superada: ...falta de lâmpada no vídeoprojector.
    Por isso, estampou-se, de novo, o "sorriso" nos rostos dos meus alunos...e mais lindo do que o da Mona Lisa!! (que me perdoe Leonardo da Vinci)!
    Aproveito para agradecer, em nome dos meus alunos, a todos os que, pacientemente, desenvolveram esforços para resolver esta, aborrecida, situação.

    Maria Inês Conceição

    ResponderEliminar
  2. Deixe-me que lhe diga cara colega, o quão encantada fico por haver professores do 1º ciclo a fomentarem este espírito critíco, criativo nos alunos.
    Sou professora do ensino Secundário e também uso bastante as TIC no ensino ( por acso o quadro interactivo nunca experimentei) e aquilo que acho mais importante é o uso que desses recursos fazemos. Pena é que no 1º ciclo (e não só) ainda seja muito utilizado o trabalho descritivo, de tal forma que por vezes alguns alunos no ensino secundário quando se deparam com estas inovações por vezes pedem para ser "tradicional", ainda estão muito agarrados ao professor como veiculador de saberes e não facilitador de saberes.
    Bem haja!

    Ana Paula Mendes

    ResponderEliminar
  3. � uma pena este site ser t�o imparcial e tendencioso e apresentar o quadro interactivo Promethean como sendo quase o �nico e o suprasumo dos QI. � que infelizmente � falso e uma simples utiliza�o de um programa como o CarMetal mostra que este QI � de baixa precis�o e exactid�o. AO contr�rio de outros que custam cerca de metade...

    ResponderEliminar
  4. É realmente uma pena criticar sem se saber do que se fala.
    Pelo que conheço deste blog, fala sobre experiências de um projecto concreto numa zona geográfica concreta com autilização de Quadros interactivos concretos.
    Realço também que não se vê neste blog, somente referências aos ACTIVboard, mas sim a utilização de tecnologias em contexto educativo.
    Quanto ao facto que refere, primeiro em relação á resolução é pq nunca utilizou um Quadro ACTIVboard que é dos mais precisos do mercado podendo ter uam reoslução de 32000x32000, depois pela pr´pria tecnologia que tem, o que diz não corresponde á verdade.
    Pergunte professores de excelência em Matemática o que pensam de utilizar o ACTIvstudio (software da Promethean) para Quadros Interactivos e o melhor existente, com o ACTIVboard para ver o que lhe respondem.

    ResponderEliminar

Escreva aqui o seu comentário ao texto! Obrigado pela sua participação...