sábado, 14 de abril de 2007

O “corta e cola” de informação…

No PÚBLICO, de 7 de Abril, chamou-me a atenção um artigo com o título: “Como a Wikipédia entrou na sala de aula”, um exclusivo PÚBLICO/Washington Post. (Versão digital do texto integral aqui)

Neste artigo, uma professora de liceu, americana, conta a su
a experiência, dando a conhecer como os seus alunos estão cada vez mais dependentes das fontes online e questiona, entre outras coisas, o facto da Internet poder estar a prejudicar os seus hábitos de estudo. Alerta, igualmente, para o facto dos estudantes apresentarem trabalhos, tendo acesso instantâneo à informação e copiando, ipsis verbis, conteúdos de algumas fontes pouco fidedignas. Chega mesmo a especificar a dificuldade do aluno contemporâneo em ler um livro ou mesmo um artigo de jornal, comprido! Partilha a preocupação de que, cada vez mais, os estudantes têm tendência a recorrer ao online antes de recorrer às suas próprias cabeças, prejudicando a capacidade de iniciativa destes.

Há bastante tempo que tenho vindo a dar conta que o meu filho, estudante do 4ºano de escolaridade, sempre que tem um trabalho de pesquisa para fazer só vê um caminho: ir à Internet…recusando a consulta de livros, alegando perder muito tempo... Assim como, sempre que o T.P.C. é assistir aos noticiários, dos quais terá que escolher uma notícia descrevendo-a, a escapatória é: ir à Internet, escolher uma notícia e, entre uns cliques que seleccionam, copiam e colam… o T.P.C. está feito!

Como professora, consciente das vantagens que o uso das novas tecnologias, em geral, e da Internet, em particular, oferece aos estudantes contemporâneos, proporcionando a construção do seu próprio conhecimento, sou a primeira a sugerir e indicar, aos meus alunos, o acesso ao mundo online! Sem dúvida que com uns cliques no computador, os alunos encontram, rapidamente, a informação que eu levaria dias de pesquisa nas bibliotecas municipais e escolares, no meu “tempo”!

Desde Fevereiro de 2006 que utilizo, em contexto de aula, o Quadro Interactivo, ACTIVboard, no âmbito do Projecto Interact. O uso que faço desta ferramenta tecnológica tem-se revelado imensamente vantajoso na concretização do objectivo: Melhorar o desempenho escolar dos alunos. Sem dúvida que aumentou, exponencialmente, o recurso que faço à Internet, (está mesmo ali à mão! …; é tão mais rápido o acesso à informação! …; os alunos estão mais “hiper ligados” à aula! …), mas… não consigo deixar de me questionar:

  • Será que pratico uma utilização, das novas tecnologias de informação, esclarecida e segura?
  • Será que uma professora, como eu, formada “noutro tempo” estará devidamente sensibilizada para os riscos da Internet?
  • Será que o uso que faço das novas tecnologias, em contexto de sala de aula, seguindo uma orientação de novas práticas pedagógicas, evitando práticas do ensino tradicional, estão a contribuir para criar uma geração de alunos que ficam dependentes da informação rápida, instantânea e por vezes pouco credível?!
  • Serei capaz de acompanhar esta habilidade natural que os alunos, de hoje, apresentam com as aprendizagens online?

Preocupa-me que possa não estar a utilizar a tecnologia de forma tão eficaz como deveria, com vista ao sucesso escolar do aluno.

Por tudo isto, considero fulcral que, no Projecto Interact, a preocupação dos professores não se reduza, somente, ao cumprimento de quatro flipchart/mês e à aquisição de rapidez no uso das técnicas oferecidas pelo software ACTIVprimary e ACTIVstudio mas, também, numa séria reflexão crítica e partilhada das práticas pedagógicas e num estudo comparativo e avaliativo dos resultados do desempenho escolar dos alunos.

Ou… será que tudo isto não passa de infundadas preocupações, fruto de uma formação “noutros tempos”, (anos 80), e que não está, ainda, preparada para acompanhar estes “novos tempos”?!...

Maria Inês Conceição
Prof. do 1º Ciclo

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