Dizem os especialistas que os gansos selvagens voam em formação “V” para obter maior rendimento no voo: mais coesão, melhor liderança, maior harmonia e muito apoio.
Segundo estudos feitos, estas incríveis aves aumentam a sua velocidade em mais 70% do que se voassem sozinhos; o líder que está no vértice desta formação, quando está cansado, passa para trás dando assim o lugar de comando a outro; se algum ganso diminuir o ritmo de voo, os que estão atrás grasnam para encorajar os que se encontram à frente; e, quando um deles sai da formação por fraqueza ou doença, a ele se junta outro ganso para o ajudar e proteger.
Não me posso impedir de reflectir sobre tais comportamentos, tanto mais que não passam de meras aves — sem qualquer desprezo pelos bichinhos que tanto fascínio me causam!
Nessas longas e árduas jornadas de migração, é extremamente importante alcançar o destino. Aqui os fins são importantes, mas os meios também o são.
Se um pobre ganso tivesse a ousadia de enfrentar uma viagem dessas, certamente não chegaria ao fim para contar as suas peripécias. Não é isso que acontece...
Juntos, em “V”, multiplicam significativamente a sua agilidade, já que aproveitam as correntes de ar provocadas pelos batimentos de asa daqueles que vão na dianteira. Um trabalho em equipa...
Assumir a liderança de um grupo de gansos nem sempre é tarefa reconhecida e vantajosa. O esforço, o desgaste são desencorajadores. Contudo, dando lugar a outro, alternadamente, é possível levar a cabo tal bravura e concluir com sucesso uma viagem que, de outro modo, seria muito mais penosa.
Dar ânimo, transmitir energia àquele que, já cansado e abatido, vai na frente, é um comportamento louvável e digno de todos aqueles gansos que partilham a mesma aventura, pelo que a amizade assume um papel importante.
Momento há em que se apodera do desventurado ganso uma debilidade... É então necessário evitar comprometer o grupo inteiro e decidir abandonar a formação. Outros, porém, receando ataques exteriores ou abandono total do desditoso, juntam-se a ele, apoiando-o e resguardando-o, em inexplicável gesto de solidariedade.
Nós, que fazemos parte de uma grande equipa, podemos produzir mais e melhor; nós, como potenciais líderes, podemos, em qualquer momento ser chamados a desempenhar funções de liderança; nós, que muitas vezes, cheios de pressões e cansaços, esquecemos e criticamos o outro, devemos ajudá-lo a manter o comando com palavras de alento, sensatas e positivas.
Façamos longos voos em equipa, num espírito de amizade e compaixão.
Cultivemos e apoiemos na escola as atitudes de inovação e de renovação, capazes de suscitar em todos nós o desejo de ir mais longe sem medo, convictos que não estamos sós...
Continuemos a voar assim...
José Paulo Santos
(Texto publicado no jornal escolar O Cambrinha, da Escola EB 2.3 de Vale de Cambra, em Março 2001)
Amigo José Paulo,
ResponderEliminarParabéns pelo excelente texto, não só pela sua oportunidade e pertinência como pelo símbolismo que transmite.
Força Companheiro, a tarefa é árdua mas juntos valos conseguir.
Bem Haja.
Carlos Tavares
Não tenho muito jeito para as letras, mas sempre me disseram que escrevia bem. Coisa que, aliás, acredito, modéstia à parte. Até porque me dá um prazer enorme!
ResponderEliminarMas não é de letras ou de escrita que gostaria de falar. Até porque a escrita tem sempre um lado solitário e esta não é uma história de solidões.
Não sei se os meus alunos trabalham em "V" ou em "U" ou nalguma letra. Não sei se eles se preocupam que alguma vez poderão assumir um papel de líderes. Não sei se eles conhecem esta habilidade dos gansos.
Uma coisa é certa: os meus alunos e eu, que também sabemos voar, procuramos que o "V" seja o sorriso dos nossos rostos felizes por nos termos. Por tudo o que isso nos custa - e podem crer que custa... Porque, se calhar ao contrário dos gansos, os homens e as mulheres crescem e lutam pela felicidade também entre os seus pares e é nessa luta que vão construindo esse percurso de procura da utopia.
Sei que o nosso voo, tal como os gansos, se faz voando. Mas também sei que esse caminho é único. Não há nenhum igual. Somos nós que o fazemos, à nossa maneira, em "V" ou em "U", seja o que for...
Sei que alguns homens querem que os voos dos homens se façam todos iguais - não como os dos gansos, claro! Mas todos iguais.
Mas também sei que a diferença entre os gansos e os homens é que nós podemos escolher e construir e reconstruir. E podemos escrever voos, caminhos, destinos... Tal como o Zé ou o Pedro...
Nada disso nos faz mais ou menos capazes de cooperar do que os gansos. Nada disso nos faz mais ou menos capazes de chegar a um destino. Nada disso nos faz mais ou menos capazes de amar...
Somos homens e mulheres. Só isso. Por isso é que me consigo emocionar com a história do Zé e ele com a minha. Será por isso que me consigo emocionar com a história dos gansos. Será que eles conseguirão emocionar-se com a minha?
Isso não me preocupa. Estou em pleno voo! E tenho-te a meu lado, Zé!
Um grande abraço, em "O", ao Zé Paulo!
Não tenho muito jeito para as letras, mas sempre me disseram que escrevia bem. Coisa que, aliás, acredito, modéstia à parte. Até porque me dá um prazer enorme!
ResponderEliminarMas não é de letras ou de escrita que gostaria de falar. Até porque a escrita tem sempre um lado solitário e esta não é uma história de solidões.
Não sei se os meus alunos trabalham em "V" ou em "U" ou nalguma letra. Não sei se eles se preocupam que alguma vez poderão assumir um papel de líderes. Não sei se eles conhecem esta habilidade dos gansos.
Uma coisa é certa: os meus alunos e eu, que também sabemos voar, procuramos que o "V" seja o sorriso dos nossos rostos felizes por nos termos. Por tudo o que isso nos custa - e podem crer que custa... Porque, se calhar ao contrário dos gansos, os homens e as mulheres crescem e lutam pela felicidade também entre os seus pares e é nessa luta que vão construindo esse percurso de procura da utopia.
Sei que o nosso voo, tal como os gansos, se faz voando. Mas também sei que esse caminho é único. Não há nenhum igual. Somos nós que o fazemos, à nossa maneira, em "V" ou em "U", seja o que for...
Sei que alguns homens querem que os voos dos homens se façam todos iguais - não como os dos gansos, claro! Mas todos iguais.
Mas também sei que a diferença entre os gansos e os homens é que nós podemos escolher e construir e reconstruir. E podemos escrever voos, caminhos, destinos... Tal como o Zé ou o Pedro...
Nada disso nos faz mais ou menos capazes de cooperar do que os gansos. Nada disso nos faz mais ou menos capazes de chegar a um destino. Nada disso nos faz mais ou menos capazes de amar...
Somos homens e mulheres. Só isso. Por isso é que me consigo emocionar com a história do Zé e ele com a minha. Será por isso que me consigo emocionar com a história dos gansos. Será que eles conseguirão emocionar-se com a minha?
Isso não me preocupa. Estou em pleno voo! E tenho-te a meu lado, Zé!
Um grande abraço, em "O", ao Zé Paulo!
Amigo José Paulo,
ResponderEliminarVoemos em formação "V" e multipliquemos as nossas competências!
Façamos longos voos no Projecto Interarct, sempre com espirito de amizade, compaixão e cooperativismo...
E tu, Lider, não cruzes os braços em nenhum momento, quando estiveres desencorajado ou desgastado, nós estamos cá para te dar "palavras de alento, sensatas e positivas" para que este projecto chegue a bom porto!...
Força!
Juntos alcançaremos a meta!!!
Sandra Ferreira